Diz o ditado popular que «a cada qual, dá Deus o frio conforme a roupa» - ou, de acordo com outra versão do dito ditado, «a cada qual dá Deus a roupa conforme o frio».
Não há diferença entre uma e outra versão: ambas situam nas mãos misericordiosas de Deus a resolução plena do problema do frio de «cada qual» - ou com mais e melhor roupa ou com menos frio, para o caso tanto faz.
Ora - como estamos fartos de saber - os ditados populares são, muitas vezes, pouco... populares, isto é: atribuídos ao saber popular eles são, de facto, inventados pelo saber dominante que, através deles, vai espalhando a sua ideologia - e, à força de serem repetidos e repetidos, transformam flagrantes inverdades em verdades absolutas.
Voltando ao supra-citado ditado popular: é óbvio que, face à agreste vaga de frio que varre o planeta, Deus nem deu a roupa conforme o frio nem o frio conforme a roupa.
Veja-se os milhões que, nos últimos dias, por todo o mundo, têm sofrido a falta de roupa ou o frio a mais...
Mas, será assim?
É bom lembrar que, às vezes, Deus - certamente por efeito da trabalheira que lhe dá o cumprimento das múltiplas tarefas decorrentes da sua omnipresença, omnisciência e omnipotência - parece esquecer, mas não esquece, o que não deve ser esquecido.
E, se não cumpre um ditado, logo outro ditado surge para ser cumprido...
Porque «Deus não dorme».
Foi o que aconteceu, agora, com este caso do frio (muito, para todos) e da roupa (pouca, para muitos): diz uma notícia que «em Lisboa, o Metro abriu algumas das suas estações durante a noite para acolher os sem-abrigo».
Aí está: ou por não ser dia de distribuição de roupa quente, ou por não estar em maré de, com um simples gesto, transformar em calor esta frieza desalmada, Deus iluminou a administração do Metro...
Pronto, podemos dormir descansados: o problema está resolvido.
Haja Deus!
8 comentários:
Era uma maravilha - Se todos tivessem esta clarividência, ou tivessem a oportunidade de lêr este teu pensamento, e a partir dele começassem a pensar!
Seria o pricípio,de uma nova era, de um novo (deus, o da justiça!
Abraço forte.
Pois... "remendam-se" os males, camuflam-se realidades,adiam-se soluções, mas não se erradica o problema pela raiz. É a "solução" para aliviar consciências e apresentar ao eleitorado uma quimera de soluções...
beijo,
E "a cavalo dado não se olha o dente"...
ou "quem dá aos pobres empresta a deus"...
Abraço.
Vai de Metro, Satanás!
Abraço
E a Adminuistração do Metro vai ser beatificada. Com a fúria de fazer santos que por aí vai!...
Apetece-me fazer uma redacção, começando por dizer que "O Metro é muito bonzinho porque .... etc. e tal".
Hoje faz um frio do caraças. Haja Metro!
Um beijo grande
Vi em reportagem da SIC. Tanta iniquidade, tanto arrogante desprezo pelas situações dramáticas, tanta miséria, tanta desumanidade, tudo mascarado sob o manto diáfano de um "abre-te, Sésamo" das portas do metro, a pedido de uma atenta e caridosa C.M.Lx.
"Alá é grande!", perdão, "Deus é infinitamente misericordioso".
Forte abraço!
poesianopopular: lá chegaremos... lutando.
Um abraço.
smvasconcelos: assim como quem diz: «hoje vamos fazer caridade»...
Um beijo.
samuel: Deus o deu Deus o levou?...
Um abraço.
Aristides: Boa!
Um abraço.
Antuã: admira-te!...
Um abraço.
Maria Haja Metro; dizes bem...
Um beijo grande.
filipe: «vamos brincar à caridadezinha»...
Um abraço.
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