PRELÚDIO
Reteso as cordas desta velha lira,
tonta viola que de mão em mão
se afina e desafina, e donde ninguém tira
senão acordes de inquietação.
Chegou a minha vez, e não hesito:
quero ao menos falhar em tom agudo.
Cada som como um grito
que no seu desespero diga tudo.
E arrepelo a cítara divina.
Agora ou nunca - meu refrão antigo.
O destino destina,
mas o resto é comigo.
Miguel Torga
5 comentários:
E o futuro é dessa canção...
Abraço.
Que bom o Torga ter "arrepelado a lira divina" tantas vezes... e nunca desafinou.
beijo,
A inquietação do JMB deve ter nascido aquí!
Torga é uma fonte inesgotável de inspiração.
Abraço
O resto é... connosco!
Ou seja, temos o futuro nas nossas mãos!
Um beijo grande
samuel: porque «o resto é comigo»...
Um abraço.
smvasconcelos: mesmo que tenha «desafinado» uma vez o outra... perdoamos-lhe...
Um beijo.
poesianopopular: sem dúvida.
Um abraço.
Maria: é isso!
Um beijo grande.
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