PRELÚDIO
A minha poesia é uma árvore cheia de frutos
que um sol de tragédia amadurece;
mas eu não os arranco nem procuro:
- o meu sol de tragédia aquece, aquece,
e o fruto cai de maduro.
No resto, sou empregado de escritório
que não procura desvendar abismos,
e passa o dia (glorioso ou inglório)
a somar algarismos...
A minha poesia é uma árvore cheia de frutos
que um sol de tragédia amadurece;
mas eu não os arranco nem procuro:
- sei a miséria da estrada percorrida;
o meu sol de tragédia aquece, aquece.
- e o fruto cai de maduro
no chão da minha vida.
Sidónio Muralha
(«Passagem de Nível» - 1942)
5 comentários:
Quantos dos nossos frutos acabam por cair sem serem colhidos...
Abraço.
Este eu não conhecia.
Triste e belo, a um tempo. Retratando aquele tempo...
Um abraço grande.
No ano em que eu nasci, já o Sidónio Muralha escrevia poesia destes factos que preduram até hoje!
Abraço
Que bela árvore tem o SM!
samuel: e outros há que colhemos antes do tempo...
Um abraço.
Maria: e com sinais do tempo de hoje...
Um beijo grande.
poesianopopular: assim ficamos a saber a tua idade...
Um abraço.
Justine: e frondosa!...
Um beijo.
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