A fuga de Peniche - de que hoje se assinala o 50º aniversário - foi uma importante vitória da resistência antifascista.
Eis os nomes dos dez militantes comunistas que, no dia 3 de Janeiro de 1960, após um cuidado trabalho de preparação - sempre em estreita coordenação com a organização do Partido no exterior - lograram evadir-se daquela que era, então, a prisão fascista mais vigiada de Portugal:
Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Jaime Serra, Carlos Costa, Francisco Miguel, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Francisco Rodrigues, Rogério de Carvalho e José Carlos.
Eram, todos, quadros destacados ou dirigentes do PCP - e todos fugiram não para alcançar a sua liberdade individual, mas para, integrando a acção clandestina contra a ditadura fascista, lutar pela liberdade do povo e do País.
A fuga viria a ter repercussões assinaláveis na luta contra o fascismo.
Com efeito, na sequência desse acontecimento memorável, o PCP procedeu a um amplo e profundo debate interno, no decorrer do qual o colectivo partidário procedeu à crítica e à correcção do «desvio de direita de 1956/1959» - e os resultados desse debate foram visíveis desde logo no reforço orgânico, ideológico e interventivo do Partido.
De todo esse processo, destaca-se o contributo singular dado por Álvaro Cunhal que, na reunião do Comité Central de Março de 1961, viria a ser eleito secretário-geral do Partido.
Retomando a via do levantamento popular como caminho para o derrubamento do fascismo e assumindo a sua identidade comunista, o PCP levou por diante um vasto conjunto de acções de massas de grande dimensão e impacto, que viriam a atingir expressões superiores quer nas grandes lutas dos estudantes de Lisboa, Porto e Coimbra, em princípios de 1962, que nas gigantescas manifestações do 1º de Maio desse ano, logo seguidas pela histórica conquista das oito horas de trabalho pelo proletariado agrícola do Sul - lutas que abalaram e fizeram tremer o regime e deram mais força às forças antifascistas.
É ainda na sequência da fuga de Peniche e do desenvolvimento da luta por ela gerado que, em 1964, Álvaro Cunhal escreve o «Rumo à Vitória», texto notável que constituirá as teses para o VI Congresso do PCP, realizado no ano seguinte e no qual foi aprovado o Programa para a Revolução Democrática e Nacional - que a Revolução de Abril veio a confirmar plenamente.
Foi certamente tendo tudo isto em conta que o PCP designou a iniciativa com que hoje, assinalou, em Peniche, o 50º aniversário da fuga, por «Fuga de Peniche - Rumo à Vitória».
9 comentários:
Memorável!:) E um marco no derrube do regime fascista que bem "tremelicou" à época.
De ler também a entrevista da Eugénia Cunhal no Dn de hoje.
beijo,
Foi memorável, sim! E a iniciativa de hoje foi emotiva e cheia de força! Lá estavam o Joaquim Gomes, Jaime Serra e Carlos Costa, num salão cheio de gente de todas as idades, muitos jovens, que nos garantem o futuro!
Um beijo grande, ainda cheia de tanto!
Eu não estava lá, ao contrário de outros anos. Mas daqui, da casa que se ia de comboio e depois ia-se a pé até "Campolide" para lá chegar, pensei todo dia neles. Já faltam tantos que a saudade magoa.
Mas a luta continua! Obrigada pelo teu texto, um dos mais belos que tenho de ti lido. Um grande beijo e um bom ano .
Valquiria d'Alameda
Memorável esta pedrada no fascismo.
É este património, que não é contabilizável por dinheiro, mas sim por luta, que alguns tentam ignorar e outros sentem inveja, e que para nós é normal por ser sinónimo do dever cumprido, e nos dá mais força para prosseguir a luta até à vitória final.
Viva o PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS!
Abraço
Por isso eu disse (embora perguntando) que aquilo não foi uma fuga, mas sim um poderoso ataque.
Abraço.
smvasconcelos: a entrevista da Eugénia é imperdível.
Um beijo.
Maria: todos a confirmar que o fascismo existiu...
Um beijo grande.
Valquiria d'Alameda: estarão sempre na nossa memória.
Um beijo grande.
Antuã: acertámos-lhe mesmo em cheio!...
Um abraço.
poesianopopular: é isso: fazer o que nos compete em cada momento.
Um abraço.
samuel: e é que foi mesmo.
Um abraço.
Eu não estava à 50 anos nem sequer à 35! Mas ontem estive a honra de estar lá, ontem!
A minha terra foi a escolhida para a prisão fascista, mas diversos presos dizem que um dos apoios foi sempre a população laboriosa de Peniche, como natural de lá é com orgulho que comemoro sempre esta data! Outra também com muitos significado foi a de 17 de Dezembro, que alguns podem não saber, mas se disser que em 1954, fugiu com a nossa ajuda um preso do Segredo, chamado António Dias Lourenço, devem todos lembrar-se!
Maria: Estavam mais, o Toíno (Dias Lourenço), o Domingos (Abrantes) e muitos mais num salão que foi pequeno para acolher tanta gente!
Eles lutaram e lutam, nós continuamos!
25 de Abril Sempre!
Fascismo Nunca mais!
Andre: De facto, a população de Peniche foi sempre solidária com os presos. E podes acrescentar a data de 3 de Novembro de 1950, dia em que fugiram Jaime Serra e Francisco Miguel.
Um abraço.
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