POEMA

APOCALIPSE


É o cavalo do tempo a galopar...
Ninguém pode detê-lo.
Vê-lo,
é ver, a sonhar,
um relâmpago a rasgar
o céu dum pesadelo.

Deixa a desolação por onde passa.
Torna os sonhos maninhos.
Desmente os adivinhos
que, na divina graça
de feiticeiras alucinações,
prometem duração às ilusões.

Besta infernal,
com asas de morcego
e raiva desbocada,
largou do prado onde pastava ausente,
e corre, corre, em direcção ao nada,
única direcção que a fúria lhe consente.


Miguel Torga

3 comentários:

samuel disse...

Espantoso!

Abraço.

Maria disse...

Sem palavras, de tão fantástico.

Um beijo grande

poesianopopular disse...

Eficiente desmistificação do (misterioso).
Abraço