«O SONHO AMERICANO»

Todos os dias, pelas mais diversas formas e meios, os Estados Unidos da América são-nos apresentados como uma espécie de paraíso terrestre: terra da liberdade, terra da democracia, terra da riqueza, terra da abundância, terra da justiça, terra da felicidade - enfim, terra do tudo bom...

A realidade é, contudo, um pouco diferente.
Mesmo descontando o facto - por demais significativo - de parte considerável da riqueza e do bem-estar dos EUA resultar de uma vasta e intensa acção de pilhagem que varre o mundo e atira para a miséria extrema os países e os povos espoliados pelo império, a verdade é que parte considerável da população daquele país vive em situação mais do que precária.

Basta dizer que a «sopa dos pobres» é frequentada por um número de pessoas que se aproxima dos 40 milhões - ou seja: nos EUA, um em cada oito adultos e uma em cada quatro crianças, alimentam-se essencialmente através da utilização das «senhas de racionamento» que lhes dão acesso à dita «sopa»...

Dir-se-á que fome há em todos os países (ou quase todos)...
E é verdade - só que nenhum outro país se apresenta portador daquele «sonho americano» tão exaustivamente divulgado como coisa real e que tantos sonhos cria em tanta gente...

Um outro dado elucidativo das condições de vida em qualquer país é, por razões óbvias, o que respeita à sua população prisional.
Ora bem, no país do «sonho» existem cerca de 2,5 milhões de presos, o que significa que os EUA são, de longe, o país com o maior número de presos em todo o mundo: com menos de 5% da população mundial têm quase 25% do total de presos existente no planeta.
Dito de outra forma: 1 em cada 100 adultos dos EUA está na prisão. Desses, a maior parte são negros (apesar de os negros representarem apenas 13% da população do país) - assim, 1 em cada 21 negros e 1 em cada 138 brancos estão presos...

Quanto ao tratamento dos presos... vale tudo: desde as torturas e violações até ao trabalho escravo para empresas privadas, passando pela utilização de presos como cobaias para a indústria farmacêutica.

Nas prisões privadas - que são uma das muitas expressões da «modernidade» e constituem um grande negócio - a situação é ainda mais dramática.
As coisas chegaram a tal ponto que, o ano passado, as autoridades se viram obrigadas a acusar nem mais nem menos do que Dick Chenney de «actividade de crime organizado relacionado com abuso de presos nas prisões privadas» - como é sabido, Chenney é um dos investidores no grande negócio das prisões privadas...

Acresce que o número de presos nos EUA aumentou para o dobro nos últimos dez anos - isto, não contando com os presos que - «por razões de segurança» - só o Governo sabe quantos são, ou seja: os que estão nas muitas prisões clandestinas e nas prisões existentes em bases militares.


Com tudo isto, quero eu dizer que o «sonho americano» é um tremendo «pesadelo» para um cada vez maior número de cidadãos norte-americanos - e para um cada vez maior número de cidadãos do mundo.

12 comentários:

Talina disse...

Excelente.

Abraço

Talina

Por Justiça disse...

ora bem, mais um texto de critica ja doentia aos EUA. ora bem sobre os presos: muitos desses presos é porque cometeram crimes, vandalismos, mataram pessoas (muitas inocentes), enfim... portanto nao é correcto fazer essas generalizações quando nao se sabe as causa e seria melhor nao se falar daquilo que nao se sabe. depois sobre a justiça americana: ao contrário da nossa justiça nos EUA ha condenações, vejam o Madoff (150 anos), onde é que cá a gente desses casos mediáticos, e crimonosos (alguns politicos inclusive) sao alguma vez condenados? Nunca! Safam-se sempre. portanto la a justiça funciona e cá não.
depois é muito curioso ver esta retorica que se tem quando vemos que com uma tragedia como no Haiti os primeiros paises a ajudar são aqueles que voces mais criticam, a começar pelos EUA ou os europeus. é sempre curioso. ja agora seria bom reconhecer o merito dos EUA na ajuda humanitária ao haiti (fica-nos sempre bem reconhecer os meritos dos outros).
ja agora quanto é que os paraisos como coreia do norte, china ou cuba enviaram para lá?

Bom fim-de-semana

samuel disse...

Realidade tão incómoda que a sua simples exposição enerva bastante os "adoradores", como se pode ver...

Abraço.

Antuã disse...

Os abutres não descansam. Eles andam por tudo o que é sítio onde haja desgraça. E no Haiti lá estão eles prontos para a reconstrução e ganhar uns "tostões".

Maria disse...

Esta é uma realidade arrepiante. Que me angustia quando penso em jovens que insistem em correr atrás do 'sonho americano'.
Se calhar um dia destes aparece por lá, para ser lido por outras pessoas.

Um beijo grande

Por Justiça disse...

oh sr Antuã, tostões? a quem? a um país que nao tem nada neste momento? so pobreza.
realmente é incrivel como nao conseguem reconhecer um unico merito dos EUA. ja agora quanto é que a china ou a coreia do norte deram? vá digam...

Graciete Rietsch disse...

É fantástico verificar que os maiores cegos são aqueles que não querem ver. No post do camarada os números são bem elucidativos. Mas quem não enxerga, náo enxerga mesmo. E quanto a apoios e acções humanitárias, Cuba está entre os primeiros e os maiores. E a Venezuela? Como se atrevem a ignorar esses apoios e apenas destacar o apoio do dono?
O meu desgosto é profundo pela calamidade que atingiu o povo haitiano,tanto mais que para além
da catástrofe natural também alguma culpa se pode atribuir à mão humana. De qualquer modo lamento profundamente o sofrimento
daquele povo.

do zambujal disse...

Verdadeiramente impressionante. Esmagador
A propósito de esmagador e do Haiti, esse clamador Por Justiça deixou de ir aos tratamentos? O que ele não sabe ou não quer saber, ou sabe em pino (i.e., de pernas para o ar) é inacreditável. Os EUA tomaram conta do aeroporto, investiram (!) no que chamamem ajuda e de quem fazem alarido, Cuba tinha lá, em trabalho normal, 400 médicos, 400 médicos haitianos foram formados em Cuba, em pura solidariedade, imediatamente se reforçaram as equipas, Cuba abriu imediatamente o seu espaço aéreo aos EUA para o ebvio de ajuda, a Venezuela já enviou 2 brigadas com 100 voluntários e 24 toneladas de alimentos, o Brasil...
Por Justiça? Trate-se. Comece por se informar.
Estas informações, posts como este, incomodam de verdade quem vive doente de doses envenenadas de informação.

Um abraço forte.

Por Justiça disse...

os EUA estao na linha da frente, o resto é conversa.
Mas ainda sobre a justiça dos EUA e o estar informado ou não sobre todos esses numeros das prisoes isso tambem é mt relativo (é estar a fazer generalizações), porque nao se conhece as causas de estarem presos. o que eu sei é que em casos mediáticos nos EUA a justiça é rápida, e cá vemos anos e anos sem nenhuma condenação nesses casos ditos mediáticos. isso sim é que é um pesadelo.

Graciete Rietsch disse...

No comentário anterior que fiz consedirei que alguma culpa na terrível catástrofe que atingiu o povo haitiano tinha mão humana. Mas hoje, depois do que tenho lido, rectifico e digo "imensa, imenssíssima culpa" tem a ganância do ser humano neste mundo que tende para uma globalização cada vez mais impiedosa.

Manuel Rodrigues disse...

O grande problema é que este pesadelo ameaça toda a humanidade e já deu provas de que não tem escrúpulos, na sua acção criminosa. Ora, em nome dos "direitos humanos", ora contra a ameaça terrorista que ele próprio ajuda a criar, ora em forma de ajuda humanitária... tudo lhe serve para esconder a verdadeira face do crime, da pilhagem , do terrorismo e da guerra... É urgente dominá-lo.

Fernando Samuel disse...

Talina: um abraço.

Por Justiça: Pois.

samuel: é o reflexo condicionado dos cãezinhos do Pavlov...
Um abraço.

Antuã: eles nunca dão nada sem terem, em troca, mais do que aquilo que dão...
Um abraço.

Maria: é natural que o «sonho americano» seja sonhado por muita gente: uma mentira muitas vezes repetida é tida como verdade.
Um beijo grande.

Graciete Rietsch: com uma particularidade: a solidariedade da Venezuela e de Cuba é todos os dias...
Um beijo.

do zambujal: basta meia dúzia de números reais para os pôr a salivar...
Um abraço.

Graciete Rietsch: essa «ganância» que dá pelo nome de capitalismo...
Um beijo.

Manuel Rodrigues: e só quando o conseguirmos damos a volta a isto...
Um abraço.