Na entrevista ao Avante! referida no post de ontem, o dirigente comunista Carolus Wimmer falou sobre as nacionalizações de sectores estratégicos que o Governo da Venezuela tem vindo a efectuar; sobre as consequências positivas dessas nacionalizações na resposta à crise capitalista; e sobre as atoardas espalhadas pela comunicação social dominante em torno do processo revolucionário em curso na Venezuela.
E não podia ser mais claro:
«As nacionalizações resultam da luta de classes na Venezuela. Estamos a implementar um processo revolucionário com o objectivo de garantir o bem-estar do povo trabalhador e, assim, alguém tem de ser sacrificado.
Esse alguém é o capital, as grandes empresas nacionais e multinacionais que hoje são obrigadas a cumprir normas tão básicas como o pagamento de impostos - que antes não pagavam -, a melhorar os salários e as condições laborais.
Obviamente que o capital, cujo objectivo e razão única é o lucro, resiste a essas medidas e orientações estratégicas. Muitos optaram pela sabotagem ou pelo não cumprimento da lei. Os casos mais evidentes são os das empresas do sector alimentar, que não aceitam as novas condições impostas pelo Estado. Algumas declaram-se em lockout ou tratam de vender a produção no exterior, o que implica com a segurança alimentar do país. Foi por isso que o governo se viu obrigado a intervir, a tomar conta de empresas que não produziam ou que violavam constantemente a legislação.
Temos que recordar que nos anos 80 e 90 do século passado, as políticas neoliberais privatizaram tudo com o argumento da ineficiência do Estado. Agora, empresas fundamentais dos sectores da comunicação, energia ou alimentar tiveram que sair das mãos privadas.
Não se nacionaliza porque sim, como se quer fazer crer. Decide-se tendo em conta as empresas que se recusam a colaborar com o desenvolvimento do país; que rejeitam cumprir a prioridade do fornecimento de bens e serviços aos venezuelanos; que especulam nos preços, como no sector alimentar.
Neste último caso, primeiro adverte-se a empresa, e só depois se avança para a nacionalização, a qual se processa através da compra, e não da expropriação, como também se diz.
Tudo isto tem subjacente uma linha política de resposta às investidas contra-revolucionárias, como as que se passaram igualmente no sector financeiro.
Muitos bancos davam sinais de poderem destruir o sistema na Venezuela. Há cerca de uma semana, foi nacionalizado o 6º maior banco venezuelano, e a razão foi simples: estava totalmente falido porque os proprietários sacaram os recursos existentes, os depósitos das pessoas, e levaram esse capital para fora do país.
No que diz respeito aos bancos e às empresas nacionalizadas, deixa-me sublinhar um outro aspecto. Actualmente, os responsáveis por fraudes ou operações danosas são levados perante a justiça, como deveria acontecer em qualquer país democrático. Acabou a impunidade. Está claro que muitos fogem para os EUA e para a Europa, onde enocntram cobertura face aos pedidos de extradição solicitados pelas nossas autoridades judiciais.»
Se procurarmos semelhanças e diferenças entre o que se passa na Venezuela e o que acontece em Portugal, é fácil concluir que:
1 - o grande capital de lá é igualzinho ao de cá - e vice-versa;
2 - o que faz a diferença é a existência, lá, de um Governo ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País; e a existência, cá, de um Governo ao serviço dos interesses exclusivos do grande capital.
7 comentários:
Mas se lá a situação foi alterada há uns anos, quer dizer que aqui também pode ser. Basta querermos e continuar com a LUTA, sempre!
É minha convicção que um dia chegamos lá.
Um beijo grande.
Muito nos mentem!!! E o mais grave é que as pessoas acreditam!!!!!
Na Venezuela caminha-se de facto a favor do Povo. E o Povo compreende.
Assim o nosso Povo, tão mal esclarecido, consiga um dia encontrar-se com os seus verdadeiros amigos.
Um beijo.
É bom ver que a luta de tantos, como o meu amigo e companheiro de cantigas, o venezuelano (amado pelos venezuelanos) Ali Primera, não foi em vão.
Disse-me um dia que quando a Revolução triunfasse, me levaria a percorrer com ele a Venezuela, a cantar. Já não viveu para o fazer... mas nada foi em vão!
Abraço.
Importantes diferenças.
Tu não estás bom da cabeça!
Coitados dos grandes empresários portugueses, pagar impostos, obrigações sociais, mas onde é que isto vai parar?!
Ainda podem espremer mais ao povo!
Até o dia que o povo acorde!
beijos Grandes
Tu não estás bom da cabeça!
Coitados dos grandes empresários portugueses, pagar impostos, obrigações sociais, mas onde é que isto vai parar?!
Ainda podem espremer mais ao povo!
Até o dia que o povo acorde!
beijos Grandes
Maria: e chegaremos, sem dúvida.
Um beijo grande.
Graciete Rietsch: as mentiras, repetidas todos os dias por todos os média dominantes, transformam-se em verdades...
Um beijo.
samuel: nada é em vão, quando lutamos pela justiça, pela liberdade...
Um abraço.
Antuã: diferenças essenciais...
Um abraço.
Ana Camarra: e nesse dia... tudo será diferente.
Um beijo - e obrigado pela visita.
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