POEMA

ELÉCTRICO

XI


(Que vontade de esbofetear estes palermas a meu lado
nos cafés e nos eléctricos a fingirem de Vida Acesa!)


Antes os mortos hirtos, de pé, por dentro dos ciprestes
a beijarem a caveira da lua,
do que estes, do que estes,
a nosso lado na rua.

São mortos sem cemitério,
mortos da Morte Arrefecida
- a que tiraram todo o mistério
para lhe chamarem vida.


José Gomes Ferreira

5 comentários:

samuel disse...

Continuam por todo o lado...
A imagem dos mortos de pé, dentro dos ciprestes... é fantástica!

Abraço.

Maria disse...

Ainda hoje os vemos por aí...

Um beijo grande.

Mário disse...

Quanto a não terem cemitério... Na festa do Avante, durante os dias que de lá não saio, a impressão que cresce é de revolta por ter que voltar a um cemitério ao qual não quero pertencer.

Abraço!

Graciete Rietsch disse...

Mortos são os conformados, mas chamam a isso vida.

Um beijo.

Justine disse...

A raiva militante do Poeta!