POEMA

ELÉCTRICO


XXII


(Companys, antigo presidente da República catalã, foi entregue pelo Hitler ao Franco e fuzilado)


Hoje proíbo as roas de nascerem diante de mim!
Proíbo as deusas de dançarem nos olhos das crianças!
Proíbo os corpos das mulheres de terem outro destino que a morte!

Sim, proíbo!
E (baixinho, em sonho) aos gritos no mundo
ordeno aos homens
que venham para a rua descalços
para sentirem nos pés nus
o silêncio da terra
- e o terror de viverem num planeta
onde os fuzilados não ressuscitam,
nem os malmequeres protestam com flores de luto
contra este sol que continua a fabricar primaveras mecânicas
e este cheiro tão bom a mulheres novas nas árvores com cio!


José Gomes Ferreira

4 comentários:

Justine disse...

Grito intemporal de raiva e paixão, que podia ter sido escrito hoje...

Maria disse...

Bela a imagem das 'mulheres novas nas árvores com cio'!!!
Belo poema!

Um beijo grande.

samuel disse...

Ah!... Então é esse o cheiro das flores nas árvores...

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Belo poema! É um trmendo grito de revolta,
Mas os mortos ressuscitam!!!!! Até vêm ao nosso lado.

Um beijo.