POEMA

INVASÃO


XIX


(Guerrilheiros torturados pelos esbirros de Hitler na planície dos lobos.)


Amarraram-no a uma árvore
florida de vermelho...

(Que lhe falta para cruz?)

Rasgaram-lhe as carnes
com chicotes de unhas...

(Até já tem chagas.)

Sangraram-lhe a fronte
com arame farpado...

(... e coroa de espinhos.)

E agora vai morrer
na planície dos lobos...

(Nem lhe falta o Calvário.)

Mas não é um Deus, ouviram?

É um homem
que vai morrer pelos outros homens
sem ressurreição nem céu.

Um homem apenas
sem a alegria dum destino na Morte.

Um homem apenas
com um Momento Terrível
de suor e nuvens.

Um homem apenas
com deuses fuzilados nos olhos.


José Gomes Ferreira

8 comentários:

samuel disse...

Apenas mais um... daqueles que facilmente caem no esquecimento, enquanto a História vai sendo escrita por outros, para servir outros.

Abraço.

Maria disse...

Há palavras que doem tanto
que se fazem rio e correm para o mar.

Um beijo grande.

Op! disse...

É bom lembrar que a liberdade de hoje foi conquista de outros tempos, de homens e mulheres que dedicaram uma vida a um ideal.

Graciete Rietsch disse...

Quantos e quantos anónimos, autênticos heróis, estão esquecidos!!!!
O poema é terrívelmente engrandecedor desses heróis dos quais raramente se fala!!!!!!

Um beijo.

poesianopopular disse...

Palavras que fazem a diferença, entre os homens.
Abraço

Fernando Samuel disse...

samuel: apenas mais um, igual a milhares e milhares...
Um abraço.

Maria: por isso é necessário dizê-las...
Um beijo grande.
Membro do Povo: daí a nossa responsabilidade em defender a liberdade assim conquistada.
Um abraço.

Graciete Rietsch: a história está cheia de heróis anónimos...
Um beijo.

poesianopopular: é isso.
Um abraço.

Nelson Ricardo disse...

A História é feita de homens e não de Messias. Grande poema.

Um abraço.

Fernando Samuel disse...

Nelson Ricardo: exacto.
Um abraço.