POEMA

HERÓICAS


XXI


(Testamento de um fuzilado.)



«Não me falem de fé!

Eu não preciso de fé!

Basta-me morrer de frente
- nesta camaradagem
com todos os mortos de mãos dadas
que desde o princípio do mundo
não quiseram morrer inutilmente...

Fé? Fé?
Eu não preciso de fé!

Basta-me morrer de pé
num desdém de sol nascente.»


José Gomes Ferreira

6 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Este poema arrepiou-me. Para que precisa de fé um condenado à morte se morre pela sua certeza?

Um beijoi,camarada.

svasconcelos disse...

"Morrer de pé, em camaradagem e não inutilmente"
Lindo!
beijo,

samuel disse...

Nascer, brilhar e erguer-se... morrendo. É uma imagem fantástica!

Abraço.

Justine disse...

"...num desdém de sol nascente." Sempre a esperança, no meio do grito!

Maria disse...

Será esta a maneira mais bonita de morrer...

Um beijo grande.

Nelson Ricardo disse...

E em cada gesto de luta vive o espírito de todos os que «desde o princípio do mundo não quiseram morrer inutilmente».

Um Abraço.