O Correio da Manhã de hoje transcreve a gravação de uma conversa travada entre Armando Vara e Joaquim Oliveira (dono da Global Notícias, proprietária nomeadamente do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias.
A conversa - que ocorreu em Setembro de 2009 - versa sobre um tema em foco na altura (o fim do Jornal Nacional de Manuela Moura Guedes) e é bem esclarecedora sobre a liberdade de informação existente nos média propriedade do grande capital...
Na gravação transcrita, a dada altura Vara queixa-se a Oliveira que o DN está a atacar o PS, que os jornalistas fazem perguntas impertinentes, etc - e pergunta a Oliveira quem é que, «na redacção do jornal trata destes assuntos».
Oliveira responde que «apenas fala com o Marcelino (director do DN), com mais ninguém» - e garante a Vara que vai «ver o que se passa».
Depois de «ver o que se passa», Oliveira diz a Vara que «confrontou o Marcelino com o facto de haver jornalistas novos (do DN) a fazer perguntas incómodas para o PS» e que lhe ordenou para ter «atenção a essa brincadeira»... - e, tranquiliza Vara, garantindo-lhe que também falou com o director do JN, Leite Pereira, «para ter atenção às perguntas que (os jornalistas) andam a fazer».
Ouvidos sobre o assunto, Marcelino e Leite Pereira - os directores - «negaram qualquer influência editorial do dono da Global Notícias sobre os seus jornais».
Portanto, ou estão a chamar mentiroso ao dono (o que, por razões óbvias, se afigura pouco provável), ou estão a mentir (o que, por razões óbvias, se afigura mais do que provável)... ou, terceira hipótese, talvez considerem que, neste caso, chamar mentiroso ao dono não é coisa tão grave como à primeira vista pode parecer: afinal, dizer que no DN e no JN não é o dono que manda até pode ser coisa vista como sinal de respeito pela liberdade de informação...
Tanto mais que - dizem os dois directores - há, de facto, casos em que «o director do jornal é chamado a subir ao conselho de administração» para que o dono diga como é - casos do «Público» e do «Sol», entre outros...
Uma coisa parece certa: os directores do DN e do JN não «são chamados a subir ao conselho de administração» - basta um assobio do dono a dizer-lhes para acabar com a «brincadeira»...
9 comentários:
Eis uma situação que comprova a tal "mão invisivel (dos capitalistas) a fazer a coordenação"!
beijo.
É uma total ausência de vergonha. E de muito mais.
Um beijo grande.
O extermínio das publicações incomodas ao regime não fez parte do aparelho fascista?
Como sabes, a minha bica matinal é abrilhantada pelo CM "oficial" do café. Tenho seguido a novela dessas transcrições.
São um espanto!
Abraço.
E assim vai a liberdade de imprensa em Portugal.
Um beijo.
E Viva a Liberdade!
smvasconcelos: tudo coordenado; tudo sob controlo...
Um beijo.
Maria: vergonha é coisa que eles não conhecem...
Um beijo grande.
Membro do Povo: fez.
Um abraço.
samuel: é uma novela de primeiríssima água...
Um abraço.
Graciete Rietsch: é só liberdade...
Um beijo.
Antuã: a verdadeira, sim.
Um abraço.
Acreditam que não me dá pena nenhuma ver os órgãos da imprensa dominante caírem na falência? É menos um chorrilho de mentiras a poluir o espaço sonoro e visual.
Nelson Ricardo: só que o grande capital precisa deles e está disposto a gastar o que for preciso para os manter...
Um abraço.
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