OITO PALAVRAS

O «provedor do leitor» é um dos muitos filhos da modernidade democrática, que é uma senhora fértil em demonstrar a Portugal e aos portugueses que tudo o que de mau lhes acontece é inevitável, democrático e moderno - por isso, bom.
Assim, a tarefa destes «provedores» é a de demonstrarem a existência... do inexistente, a saber: os direitos do leitor na comunicação social dominante.

Por isso, como se esperava e a realidade tem evidenciado, os provedores dos leitores são, de facto, autênticos provedores dos directores; ou seja: provedores dos média dominantes; ou seja: provedores da política de direita; ou seja: provedores dos patrões...
E há que reconhecer que cumprem exemplarmente essas múltiplas e complementares funções, certamente fazendo jus ao que, para o efeito, recebem.


Ora acontece que o «provedor dos leitores» do Diário de Notícias - Mário B. Resendes - entendeu agregar a essa sua função a de «promotor da leitura».
E passou a «recomendar» livros aos leitores - direito que, obviamente, lhe assiste, tanto quanto a mim me assiste o direito de, pelo menos, desconfiar das recomendações de tal «promotor».
Que livros nos recomenda, então, o «promotor da leitura»?: em primeiro lugar, os que ele próprio «apreciou»; em segundo lugar, os que, presumivelmente, vai apreciar, ou seja: os livros que «seguiram na mala de férias» - e, agora e em terceiro lugar, os «lançamentos de Outono».

E é assim que o «promotor da leitura», promove: numa peça intitulada «Livros, livros e mais livros», ele informa-nos que neste Outono «a maior expectativa vai, obviamente, para o último de António Lobo Antunes, O Arquipélago da Insónia» (e depois seguem-se outras expectativas, designadamente os livros de Marques Mendes, Miguel Veiga, Paulo Teixeira Pinto, etc, etc...)

Também neste caso, não nego ao «provedor/promotor» o direito de considerar que o novo livro de Lobo Antunes é «a maior expectativa» deste Outono - e certamente sê-lo-á para ele e para muitos outros apreciadores do autor em causa.
O que (não) surpreende é que, falando o «promotor» de «livros, livros e mais livros» - e aconselhando um dezena deles - não tenha incluído, ao menos no décimo primeiro lugar... o novo livro de José Saramago, A Viagem do Elefante, cujo lançamento foi já anunciado.

E é caso para perguntar: que raio de critério é o deste «promotor da leitura» que o leva a ignorar a publicação de um novo livro do (até agora) único escritor da Língua Portuguesa a quem foi atribuído o Prémio Nobel?
E é caso para responder: o critério é da família do que o «promotor da leitura» utiliza enquanto «provedor dos leitores» e é simples, muito simples...
Tão simples que oito palavras chegam para o explicar: José Saramago é membro do Partido Comunista Português.


12 comentários:

Anónimo disse...

Elementar, caro Watson!
Um grande abraço

samuel disse...

"José Saramago é membro do Partido Comunista Português".

O que "prova" que não pode escrever nada de jeito... compreende-se!...
Conheço outros artistas, de outras artes, com o mesmo "defeito" irremediável.

Abraço

Anónimo disse...

Promotores de levar por casa... Como se pode omitir o novo livro de Saramago, esse sim em grande espectativa e comemorando os 10 anos de prèmio Nobel.
Assim se vê como anda os media em Portugal.
Como já escrevi no Cheira-me a Revolução! - 'A boa cultura existe, ela está aí, mas ou está marginalizada ou chega-nos com toda uma miscelânea de imbecilidades quotidianas que os media vomitam diariamente. Antes disso, já guardamos as revistas, já desligamos a televisão, já deixamos de comprar jornais…Já que esses media não nos satisfazem fazemos nós a nossa própria rede de informação.A esperança está nos blogs e nas páginas independentes da Internet, que queimam toda a mixórdia pseudo-cultural que nos tentam impingir.'
Abraço e Bom Fim de Semana

Ana Camarra disse...

Pois é!
Agora até já nos dizem o que ler!
Fantástico, como se não bastasse o monopólio que começa a ser o famoso grupo Leia, que a seu tempo veremos como irá condicionar a leitura dos portugueses.
Pois a verdade é essa, o Prémio Nobel da Literatura Nacional é comunista, que chatice!

beijos

Anónimo disse...

Para mim isto é um bom sinal!
É sinal de que a nossa luta oa está a obrigar a desdobrarem-se, até ao infinito, vais ver que ainda nos vão aconselhar a ibernar, mas, isso é lá mais para diante, quando se virem perdidos.
Abraço

Maria disse...

Não estava à espera que qualquer provedor, seja do que for, aconselhe o novo livro do Saramago.
Mas ainda estou à espera de uma explicação do provedor do telespectador para os cortes cirúrgicos que fizeram no espectáculo das Vozes de Abril, no Coliseu, este ano, e que foi transmitido pela rtp na noite de 25 de Abril. E não falo em "montagem" do programa, falo em cortes de 10 ou 15 segundos, do mesmo cantor, entre duas cantigas...

Um beijo grande

alex campos disse...

O que penso é que estão cada vez com menos espaço de manobra. Há escritores que são incontornáveis e outros que vão sendo cada vez mais conhecidos, e o azar deles é que são comunistas: Saramago, Manuel Tiago, Mário de Carvalho, José Casanova e outros. Isto eles têm que tentar impedir, mas vai-se tornando cada vez mais difícil.

um abraço

Chalana disse...

Ainda há dias publicaste uns versos do José Gomes Ferreira que, não tivesse ele sido comunista, seria sem ponta de favor incluído pelos cronistas de serviço como 1
entre os 3 grandes poetas do séc. XX (outro seria o Ary...). Mas como era comunista...

zemanel disse...

Um aborrecimento. Que raio de ideia o "Nobel" José Saramago ter reafirmado esta semana a sua condição de militante do Partido Comunista Português. Um aborrecimento, um aborrecimento.

Fernando Samuel disse...

do zambujal: abraço grande.

samuel: são todos iguais, estes comunas... uma praga...
Um abraço.

ludo rex: huuumm... cheira-me a Revolução...
Abraço.

ana camarra: que grandecíssima chatice... e eles poderem impedir o Nobel comunista!...
Um beijo.

poesianopopular: que esse tempo chegue depressa...
Um abraço.

maria: eles bem sabem porquê... e nós também...
Um beijo grande.

alex campos: e à medida que sentem maiores dificuldades vão cerrando o cerco a todos os que não estão com eles.
Um abraço.

chalana: os cronistas de serviço existem para escolher os «favoritos»...
Abraço.

de.puta.madre disse...

Na sua coluna de página y mais páginas de um jornal que não me lembro o nome, Paulo Teixeira Pinto deixava lá uma mancha de tinta que prospectivava de Poesia. POESIA!? Isso. Quando no Verão de 2005 foi alertado para o facto de o Responsável do Departamento da Imagem Institucional do millennium bcp - o João Miranda (ao ter sido colocado ao corrente - em detalhe (!) - sobre o Roubo e Vandalização de um Projecto de Divulgação e Promoção da Língua Portuguesa e seus Poetas pela Delta-Cafés; empresa a quem o millennium bcp, agora pagava para ver as suas felicitações de Natal aos portugueses impressas nos Pacotes de Açúcar) - ter igualmente socorrido-se da mesma TRAMOIA para propor a campanha de Promoçãoda Fundação millennium bcp no Diário de Notícias y, assim, levar a imagem da Fundação mbcp e o seu papel de Mecenato-Cultural ao conhecimento do Cidadão Comum. Pois. Foi um enorme SILÊNCIO. Um Silêncio grosseiro, abjecto; um silêncio de Traste, de Pulha, de Cobarde; um silêncio de homem sem Eles em nenhum sítio, sem sequer saber o que isso era - o sítio onde eles devem estar e permanecer, quando a hombridade, a verticalidade, a autenticidade é a única coisa que está para pôr na arena; ali, essa arena onde o combate apenas deve usar a arma da verdade. POETA!? Ser-se poeta não é uma coisa que se compre como um curso. Pode lançar, mancha de texto atrás de mancha de texto; palavras alinhadas em filas de versos. Pode até, nem duvido, ter leitores-compradores, declamadores por encomenda de palavras que das suas bocas sairão nuas y aputanhadas. Paulo Teixeira Pinto ocultou um ROUBO à Língua Portuguesa, à Poesia e seus Poetas, para - à custa deles - também trazer proveitos para o seu Banco. Agora Transfigura-se em POETA!? Como pode tal Canalha querer ser o que nem sequer parece ser.
Quinta-feira é lançado mais um objecto-livro-abjecto que se faz passar por poesia. com a singela assinatura Paulo teeixeira Pinto.
F-se! Paulo Teixeira Pinto: nem poeta; nem De Puta Madre! F-se! A Verdade Não Prescreve!
PS.1: Esta éstoria não me foi contada. Eu vivi-A!
PS.2: Desavergonhice é um conceito do Thomas Bernhard, PTP é um exemplo dele, aplaudido por uma Sociedade Cívil temente y demente na veneração ao abjecto.
PS.3: Tentei, tentei, tentei ... contactar a comunicação Social, inclusive o Diário de Notícias todos se curvaram à desavergonhice. A desavergonhice Manda y é a enorme Rainha, a donzela de estimação.

Anónimo disse...

E a maioria dos "escritores" recomendados precisa muito de voltar à escola, se é que ela ainda há, aprender português.