AFINAL, EM QUE FICAMOS?

Desculpem voltar ao caso, mas as circunstâncias obrigam-me a fazê-lo.
Isto porque, a meu ver, o grande acontecimento da semana - mais importante do que o debate dos «vices» norte-americanos ou do que os primeiros episódios do folhetim contra o PCP e o seu Congresso - foi uma afirmação sensacional proferida pela historiadora Irene Flunser Pimentel.
Como sabemos a senhora é autora do livro «A História da PIDE», no qual sustenta, entre outras teses peregrinas, a de que em Portugal não existiu fascismo...
E tão a peito levou a tese que a palavra «fascismo» (referindo-se a Portugal) nunca é utilizada ao longo das 575 páginas do livro.

Ora - e aqui é que começa a grande novidade - o Público de ontem noticiou que a Câmara Municipal de Peniche (de maioria CDU) iria «retomar um contrato existente desde 2003 com vista à instalação de uma pousada» na área do Forte - notícia confirmada pelo Presidente da Câmara, o qual assegurou que, a ir por diante tal projecto, nunca poria em causa o Museu antifascista ali existente, pelo contrário, criaria melhores condições para a sua existência e constituiria uma oportunidade para a reabilitação da parte restante do Forte que, como sabe quem por lá tem passado, está num grau extremo de degradação.

Perante isto, o Público foi ouvir... os do costume, para o caso membros de uma associação chamada «Não apaguem a memória» - que é composta por gente que, em muitos casos, apagou a sua própria memória no dia em que se passou para o outro lado da barricada.
Num blogue da dita associação, para o qual remete os seus leitores (mas ao qual não fui porque desde há muito decidi não frequentar lugares de má nota) o Público encontra um texto assinado pela (cito) «historiadora Irene Flunser Pimentel, Prémio Pessoa 2007 e investigadora da história do fascismo» e «membro da associação Não apaguem a memória».

E é nesse contexto e nesse texto que a autora de «A História da PIDE», começando por manifestar o seu desacordo e o seu protesto face à posição da Câmara (CDU) de Peniche, remata com a tal afirmação sensacional:
«Qualquer dia ficamos sem qualquer memória museológica do que foi o fascismo em Portugal».

Registe-se, a talhe de foice, que o alerta para o perigo de virmos a ficar sem «qualquer memória museológica» nada tem a ver com a realidade do Forte de Peniche, bem pelo contrário - portanto, neste caso, a historiadora está apenas a fazer propaganda contra uma Câmara (que, por sinal, é de maioria CDU...).

Mas registe-se - acima de tudo - o facto... histórico que é o de a historiadora, numa simples frase, em pouco mais de uma dúzia de palavras, vir estilhaçar, fazer em cacos, uma tese por ela própria sustentada em 575 longas páginas...

Afinal, em que ficamos?:
para a historiadora, houve ou não houve fascismo em Portugal?;
para a historiadora, o que conta é o que escreveu no livro premiado ou o que escreveu no blogue da sua associação privada?
Ou, para a historiadora, a existência (ou não) de fascismo em Portugal, tem dias?...

8 comentários:

Anónimo disse...

É verdade camarada...Como muito bem dizes "tem dias" é como a falta de carácter, tambem tem dias, ou será que é dia sim, dia não? e dia não que não possa ser passa para o dia sim!
Eles já nem se dão ao trabalho de disfarçar!
Abraço

Ana Camarra disse...

Fernando Samuel

Essa do tem dias incomoda-me!

Depois o que se passa é claro, progressivamente o fascismo e Salazar, são retratados como um pai, um bocadinho austero, que amava muito os Portugueses.

Que existia um bando do lunáticos, como adolescentes, transviados, que insistia nessa treta da democracia e das liberdades.

Porque de resto até se vivia muito bem, neste cantinho á beira mar plantado, ninguem vivia á larga mas comia-se, vivia tudo feliz com uns fadunchos, umas touradas, uns futebois e umas marchas nos Santos Populares, a bica era barata, a sardinha também, não faltava trabalho, a Mocidade Portuguesa era parecido com a Associação para a Promoção Cuiltural da Criança, só que com uniforme, ou com os Escuteiros.

Portanto o que estragou isto foram os lunáticos do comunistas, a plantar sementes de rebelião.
Angola era nossa, por vontade divina e Portugal era Ultramarino de Monção a Timor....

Tinhamos cofres a abarrotar de ouro, não existiam drogas, nem pedófilos, havia ordem e respeito.

É isso que querem vender ás gerações vindouras, não é?

Um beijo

samuel disse...

Tem dias tem...
E a lavagem e branqueamento do passado fascista tambem tem as suas "mulheres a dias", sem ofensa para as funcionárias da limpeza, que não têm nada que ver com esta história.

Abraço

Maria disse...

Como para tantos outros que "não caminham ao nosso lado" porque os caminhos são outros, a tua última hipótese: tem dias!

Um beijo grande
(ai o meu fígado...)

Anónimo disse...

Será que a irene sabe pelo menos ler?!...

Anónimo disse...

Deve ter dias... Na historiografia portuguesa não há consensos nesta área. Alguns historiadores da nossa praça, chama-me autoritarismo de cariz fascizante. Eu como Licenciado em História não concordo com essa visão, já que há registos documentais que sustentam que o Salazarismo foi um regime de características fascistas, e foi. Basta atestar pela Organização do Estado e o Modus operandi do mesmo.
Parece-me que alguns pretendem branquear a história desta época...
E Mais não digo.
Um Abraço

Anónimo disse...

A desvergonha não tem limites quando se trata de concretizar a luta de classes do lado de "eles".
E também pego nessa da madama ter dias. Tem é horas... como o relógio do outro e que está parado.
Grande abraço

Fernando Samuel disse...

poesianopopular: nem precisam de disfarçar, o descaramento é total.
Um abraço.

ana camarra: e a verdade é que, quando estava a escrever aquela frase, lembrei-me de ti...
Um beijo.

samuel: mas é isso que são: lavadeiras do fascismo...
Um abraço.

maria: é a hipótese mais plausível...
Um beijo grande.
(e o meu...)

antuã: saber, sabe... mas só o que lhe interessa...
Um abraço.

ludo rex: basta ver como foi edificado, como funcionou e o que fez...
Um abraço.

zambujal: o fascismo, para ela, é... como melhor lhe convém.
Um abraço.