DIA AZIAGO
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(Há um riso de manicómio racionado
poluindo as fontes frescas e os vales
embaciando os olhos vivos da noite
murchando o tenro das folhas verdes
e as vergonhas cerradinhas das virgens...
em Sexta-feira 13.)
Só a criança que nasceu sem pai
abriu a garganta ao mundo para chorar
- não o choro fininho de quem
agradece à vida a luz dos olhos -.
Só os homens das estepes ressequidas ou geladas
e os que nas selvas vivem como macacos
caçaram, beberam, fornicaram
na doce ilusão dos que amam
entregues ao Sol, à água e ao fogo
- Cantaram
inocentes de Sexta-feira 13!
Francisco José Tenreiro
(«Coração em África»)
3 comentários:
Deste poema julgo depreender que o progresso que deveria trazer ao ser humano mais felicidade, afinal foi açambarcado por meia dúzia e resultou em fome, guerra, escravidão e desigualdade para a maior parte da humanidade.
Um beijo.
Hoje já não há isolamento que resulte... nem em "doce ilusão"...
Abraço.
As doces ilusões são estraçalhadas por um quotidiano bárbaro, a única opção é lutá-lo e vencê-lo.
Um Abraço.
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