POEMA

O NOVO SUDÁRIO


Quando o Grande das chagas em sangue caminhava
culpado de o ter tolerado
vindo de um esbirro para outro esbirro,
chegou-se a ele sacudindo a cabeça um senhor anafado
a cheirar um pouco a almíscar da Índia.
Tirou da carteira recheada um papel
e diante do povo estendeu-o ao das chagas em sangue.
E diante do povo que aclamava
o das chagas limpou paciente
o seu suor, e o anafado
tirou-lhe de novo o papel em que agora
estava retratada a face do Chagado,
agitou-o perante a turba
e mandou-o
para a Casa da Moeda.


Brecht

7 comentários:

O Puma disse...

FORÇA

Mar Arável disse...

Brecht

pois claro

sempre

filipe disse...

Os escritos deixados pelo "nosso" Brecht - tal como alguns outros mais, claro - são de uma frescura e actualidade que nos deixam a sensação - boa, prazeirosa - de já, já a seguir e mesmo aqui ao lado, irmos juntos tomar uma cerveja. Não? Pronto, está bem, uma bica!...
Um abraço.

samuel disse...

Este é terrível!... Realmente, quase tudo pode pôr-se a render...

Abraço.

Fernando Samuel disse...

O Puma: força!...
Um abraço.

Mar Arável: incontornável...
Um abraço.

filipe: ah!, uma bica, sim!...
Um abraço.

samuel: (quase) tudo...
Um abraço.

Ana Camarra disse...

Terrivél este poema, os vendilhões do templo estão por todo o lado!

beijo

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: eles andam por aí, todos...
Um beijo.