JARDIM & JARDINS...

Jardim declarou que quer acabar com o PCP.
Espero que não se caia na tentação de ver tais declarações como «mais uma do Jardim», «mais uma do bêbedo, do boçal, do populista, etc»

Em primeiro lugar porque Jardim não é só isso: ele foi um indefectível apoiante do regime fascista no qual desempenhou funções importantes.
Em segundo lugar, porque tais opiniões de Jardim não são apenas dele: vimos como elas foram imediatamente secundadas por Lobo Xavier ou pelo editorialista do Diário de Notícias - e sabemos que gente a pensar o que Jardim pensa há por aí aos pontapés.
Em terceiro lugar, porque como é sabido, a Juventude Comunista foi proibida na República Checa há cerca de três anos e, na mesma altura, o Conselho da Europa esteve em vias de aprovar uma resolução geral no mesmo sentido - e já ameaçou voltar à carga.
Nestes casos, as coisas são postas assim: os partidos comunistas poderão existir se reformularem os seus programas, por exemplo: se deixarem de utilizar expressões que incitam à violência, como por exemplo «luta de classes»; se deixarem de ter como objectivo a conquista do poder e a construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados...
Como se vê, é grande a generosidade democrática destes cavalheiros: os partidos comunistas podem existir se deixarem de ser comunistas e passarem a integrar o rebanho dos partidos do sistema dominante - ou, dito de outra forma: os partidos comunistas podem existir se... deixarem de ser comunistas.

E é bom, nestas circunstâncias, não esquecermos aquele poema que nos diz que «primeiro levaram os comunistas...» - porque é assim que sempre se instalam as ditaduras fascistas.
E é bom termos sempre presente que o anticomunismo é sempre antidemocrático - ou, dito de outra forma: que o ataque ao comunismo é sempre um ataque à democracia - como o exemplo de Jardim tão claramente nos mostra.

14 comentários:

samuel disse...

"Tudo isto te darei, se me adorares..."

Abraço.

do Zambujal disse...

Exactamente. O sinal é muito sério. E é - só! - mais um.

Anónimo disse...

Touché!
Só uma pequena nota. A Assembleia Parlamentar da OSCE já passou das ameaças e aprovou, dia 3, em Vilnius, uma resolução anticomunista repudiada imediatamente por mais de 60 partidos comunistas e operários de todo o mundo.
http://stalinegrado.blogspot.com/

filipe disse...

Exactamente!
Agora, a palavra aos democratas sinceros, às organizações sindicais e populares, a todos os que amam a liberdade, para que se pronunciem e ajam.
Mais uma boa razão para lançar pontes, para construir convergências, para mobilizar vontades, em defesa dos ideais de Abril.
Um forte abraço.

Maria disse...

Exactamente! E pelo silêncio de quem deveria ter já dito 'qualquer coisa' sobre o que disse AJJ, palpita-me que se aplica o provérbio "quem cala consente".
É perigoso, sim. Mas estamos cá!

Um beijo grande

CRN disse...

Não era este esperpento um dos jornalistas do radical jornal do pedófilo episcopado da Madeira no tempo do regíme?
Não era este burgesso o mais preponderante oficial de acção psicológica do exército na época do nacional-socialismo, nazismo, fascismo, aquele que, àparte da população, manipulava a juventude para a manutenção do colonialismo opressor salazarista?
Que idonéidade se reserva para sequer proferir o nome do meu partido? Para profanar um texto tão belo quanto a constituição?
Aos provocadores desprezo, à realidade luta!

A revolução é hoje!

Ana Camarra disse...

De uma maneira geral existir uma pessoa assim que diz as alarvices que diz, que faz as coisas que faz como representante oficial seja lá do que for já me incomoda, incomoda-me igualmente isto passar sempre como um desvario de um desbocado, incomoda porque apenas verbaliza de forma boçal o que muitos não se atrevem.

beijos

Aristides disse...

«Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.»

Abraço ao Samuel pela lembrança do "operário..." e ao Fernado Samuel pela constante acutilãncia e pontaria.

Fernando Samuel disse...

samuel: o Vinícius sabia como era...
Um abraço.

do zambujal: um entre muitos, muitos outros.
Um abraço.

Vassili Zaitsev: e há várias outras «resoluções» semelhantes aprovadas.
Um abraço.

filipe: para que amanhã não digam: «eu não sabia»...
Um abraço.

Maria: no fundo, bem lá no fundo, todos «eles» consentem...
Um beijo grande.

CRN: a luta é a única resposta para esta canalha.
Um abraço.

Ana Camarra: a reacção sempre teve os seus bobos que vão dizendo o que convém em cada momento...
Um beijo.

Aristides: um abraço grande, camarada.

irlando disse...

O sinal é sério.Mas vamos à luta.

Antuã disse...

Claro que isto não é apenas o delírio de um bêbedo. Os fascistas estão estrategicamente instalados no CDS, PSD e PS.

Fernando Samuel disse...

Irlando: a luta é o caminho.
Um abraço.

Antuã: eles andam por aí...
Um abraço.

Sílvia disse...

Fernando Samuel:
Só para te (vos) dizer que mesmo deste lado do mar, e por mais que "alguém" vocifere contra a mais digna e sublime ideologia que o ser humano "congeminou", nada calará (muito menos jardins sem cravos e rosas!!) a internacional, a fraternidade e a comunidade que me (nos!) impele a concretizar um mundo melhor!!
Como disse o camarada Jerónimo há dias no Funchal ( e não necessariamente terra de jardins!!) o PCP é uma força que se demarca e que faz toda a diferença no panorama político que nos cerca, seja madeirense seja nacional !
E nesta sequência, rebateria este texto a dizer que, a que a constar no sectarismo da constituição, seriam "seres" jardinistas, mas o comunismo encerra a tolerância da diferença , e quanto mais não fosse para vincar o "lado certo que nos movimenta", só me resta concluir que mesmo discordando e debatendo contra tais afirmações "jardinistas"
( vis ,senis, aviltantes, dementes...) não o degradaria ao exílio constitucional. Porque há espaço para a diferença e tolerância num regime democrático!! "E porque a oposição flagrante ente o "lado certo e errado da vida" é fulcral para nos direccionar conscientemente para o "lado certo".
beijos,
Silvia MV

Fernando Samuel disse...

Silvia MV: é essa diferença que nos faz sermos «diferentes dos que são todos iguais».
Um beijo.