POEMA

ITINERÁRIO


Os milhares de anos que passaram viram
a nossa escravidão.

NÓS carregámos as pedras das pirâmides,
o chicote estalou,
abriu rios de sangue no nosso dorso.
NÓS empunhámos nas galés dos césares
os abomináveis remos
e o chicote estalou de novo na nossa pele.
A terra que há milhares de anos arroteámos
não é nossa,
e só NÓS a fecundamos!
E quem abriu as artérias? quem rasgou os pés?
Quem sofreu as guerras? quem apodreceu ao abandono?

E quem cerrou os dentes, quem cerrou os dentes
e esperou?

Spartacus voltará: milhões de Spartacus!

Os anos que aí vêm hão-de ver
a nossa libertação.


Papiniano Carlos

5 comentários:

Maria disse...

Fortíssimo!
E tão belo, e de tanta confiança!

Um beijo grande.

samuel disse...

Hão-de ver, ouvir... e espero que os "senhores" a venham a sentir... em cheio.

Abraço.

GR disse...

Depois da grandiosa Manifestação, este poema fortalece-nos.

Bjs,

GR

poesianopopular.blogs.sapo.pt disse...

Tambem é minha convicção que, assim será!
É uma questão de tempo.
Abraço

Graciete Rietsch disse...

Outro grande poeta.
Tenho o meu nome escrito na parede da sala do Papiniano e Olívia ao lado de RUY LUÍS GOMES, VIRGÍNIA MOURA e muitos mais, o que muito me orgulha.

Um beijo.