POEMA

LOGINDO O LADRÃO


Os olhos de Logindo
saltam a noite
como dois bichinhos luminosos.

Chiu!
Só o eco do mar!

O corpo de Logindo
segue os olhos
como caçô atrás de homem!

Chiu!
Só o rumor do palmar!

A mão de Logindo
estendeu-se prà frente
os olhos saltando na noite!

Ui!
Um tiro de carabina!

O coração de Logindo
começou batendo
e a navalha cantou de encontro à pele.

Hum!
Um tiro de carabina!

Logindo fechou um olho.
Depois o outro.
O branco o perdeu na escuridão!...

Ah!
Só o ronco-ronco do mar!


Francisco José Tenreiro

(«Ilha de Nome Santo»)

5 comentários:

samuel disse...

Este é duro...

Abraço.

GR disse...

Tão triste, este belo poema.

Bjs,

GR

Nelson Ricardo disse...

Poemas que são crónicas de almas trucidadas pela insegurança e ódio temerário.

Um Abraço.

Justine disse...

Tão cruel,tão humano, tão africano!

Fernando Samuel disse...

samuel: é.
Um abraço.

GR: tão belo este triste poema...
um beijo.

Nelson Ricardo: e sempre com a perspectiva da luta presente.
Um abraço.

Justine: e tão isso tudo junto...
Um beijo.