Quando, aqui há umas semanas, li a primeira notícia sobre este caso, estive tentado a comentá-la - mas desisti.
Todavia, o surgimento de novo da notícia em quase todos os jornais de hoje, reacendeu-me a vontade de a comentar.
Trata-se do caso da «carreira militar de Manuel Alegre».
A tal primeira notícia dava conta de que Alegre fora acusado de (e criticado por) ter desertado da guerra colonial - coisa que ele desmentiu veementemente, aliás apresentando provas cabais do desmentido.
No entanto, ao que parece, de então para cá a acusação espalhou-se pela internet, presumo que assumindo novos contornos, e Alegre sentiu-se na necessidade de voltar a desmenti-la, demonstrando uma vez mais, para que fique claro, que cumpriu «o serviço militar, nomeadamente em África e em situação de combate».
Para além disso, informou que «vai agir judicialmente contra os que colocarem em causa a sua carreira militar» - afirmando, mesmo, que «quem a colocar em causa (à sua carreira militar) vai para a cadeia».
É claro que Alegre tem todo o direito de processar e (tentar) mandar «para a cadeia» os que o acusam de ter feito o que não fez.
Mas pergunto:
Porquê e para quê?
Será uma acusação assim tão grave essa de ter desertado do exército colonialista mesmo não o tendo feito?
Por mim, resolveria o caso com uma resposta do género: não desertei, mas se tivesse desertado não me envergonhava de o ter feito - e pronto, ficavam os acusadores a falar sozinhos e ficava o problema arrumado.
Mas Alegre não pensa assim. Pronto, ele lá sabe.
Este caso traz-me à memória o caso de um amigo que - mais ou menos na altura em que Alegre cumpria o serviço militar em África - foi informado, numa sala de interrogatórios da PIDE, que tinha sido «expulso do glorioso exército português».
Ouvida a informação, o meu amigo limitou-se a dizer: «tenho muito orgulho em ser expulso do exército colonialista português».
E estou certo de que esta seria a resposta que ele daria, hoje, se um reaccionário qualquer o insultasse por ter sido «expulso do glorioso exército português»...
Mas cada um é como é, não é verdade?
7 comentários:
Bem... ele lá desertar, desertou. Os acusadores apenas erraram a luta de que ele "se ausentou".
Abraço.
Há gente tão pequenina... com ar tão emproado...
Um beijo grande.
Honra aos que desertaram ou fugiram ou principalmente aos que se passaram para o outro lado.Esses sim merecem a
nossa consideração. Uum beijo.
Ora bem! Que orgulho é ter sido desertor de um exército destes!
beijo,
Tens razão. Não existe glória nenhuma numas Forças Armadas que se dedicam à opressão de povos e não à sua libertação.
Um Abraço.
O teu amigo era integro, este é o cumulo da incoerência.
Recebi o e-mail, sobre esta matéria. Após leitura desinteressada, fiz DEL. Detesto lixo.
Bjs,
GR
samuel: dessa deserção ele orgulha-se...
Um abraço.
Maria: ... e com voz tão grossa...
Um beijo grande.
Graciete Rietsch: eram muitas as formas de, então, lutar contra o fascismo.
Um beijo.
smvasconcelos: é para quem é...
Um beijo.
Nelson Ricardo: de tais forças armadas não é crime desertar...
Um abraço.
GR: e fizeste bem.
Um beijo.
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