daqui te grito camarada...

acordou a vila em polvorosa. a mina vai fechar, e o medo assolou as consciências dos mineiros. uma vida de futuro hipotecado pela ganância do capitalismo. a empresa esconde-se num silêncio escabroso e na conjuntura de crise internacional escamoteia as responsabilidades na baixa cotação do zinco. não lhe interessa a crise provocada na fome das famílias que, sem misericórdia, atira ao chão apontando o pó da mina como refeição às gargantas juvenis fruto do amor entre operários. daqui lhes pergunto onde estão agora as ofensas rosnadas aos comunistas e ao sindicato quando lhes indicávamos outras estratégias e outra sensibilidade. porque não se preocuparam em dar formação aos mineiros de forma a que as perdas de produção fossem mínimas? porque se atiraram como cães ao zinco desprezando a prata e o cobre que agora lhes cobririam as dividas e o prejuízo? como justificam que uma das maiores minas de pirite do mundo não seja rendível quando outras, na mesma conjuntura internacional, o são? que palavras tem agora o primeiro-ministro, depois de aquelas que acutilantemente lançou ao Partido Comunista quando à porta da empresa Pirites Alentejanas, no dia 19 de Maio, alguns dos seus militantes o alertavam para a precariedade do trabalho e sub-contratação que esta empresa efectuava? onde está o chefe de governo agora a exigir os duzentos e vinte postos de trabalho efectivos que anunciou apenas há meses? como pode tolerar o Estado que os recursos que ejectou na empresa mineira apenas tenham servido para os ordenados milionários dos seu gestores? como justificam eles o abandono desta gente de Aljustrel? como calam agora estas lágrimas de companheiros meus que hoje choraram no Sindicato? que dizem agora a jovens que largaram tudo o que tinham certo para se meterem nesta aventura que o governo garantiu ser de confiança? onde estão os milhões que todos nós demos, através do Estado que somos todos, e que não foram por isso para escolas, hospitais ou jardins públicos? onde estão? onde estão? como calar a voz triste de gente da minha idade que legitimamente ambicionou uma vida melhor e agora se vê desprovida de tudo menos da amargura profunda? daqui te grito camarada, são malhas que o capitalismo tece...

A luta é o caminho. hoje, como ontem, como sempre... PCP PRESENTE

foto: plenário de trabalhadores no Sindicato da Indústria Mineira. Aljustrel, 13 de Novembro de 2008.

14 comentários:

Nuno Góis disse...

Um post das entranhas!
Lutemos pois!

Maria disse...

O desânimo no rosto dos trabalhadores amanhã tornar-se-á numa força enorme de LUTA!
Este post sufocou-me. Rasgou-me por dentro.
Um abraço a todos os trabalhdores que se viram hoje privados do seu trabalho.
Um abraço enorme para ti.

João Filipe Rodrigues disse...

Muita força meus queridos camaradas!

Anónimo disse...

O Partido, presente.
E nós, que somos o Partido, solidários. Cada um de nós na luta. Contínua.
Excelente foto e texto.
Um abraço

Anónimo disse...

Fiquei sem saber o que escrever. A revolta é tanta o nojo por essa canalha é tamanho que tudo nos passa pela cabeça.

Fernando Samuel disse...

O capitalismo é assim - e esta «democracia» também.

Lutar, lutar sempre - até à vitória final - é o nosso caminho.

Abraço grande.

Anónimo disse...

O Capitalismo é assim!
E não venham dizer que isso é próprio de um capitalismo selvagem, porque não há capitalismo humanizado, dito bonzinho!
Viva a luta dos mineiros hão-de vencer!
Avemos de venver!
De Pé Camaradas, de pé e de Punho Levantado
Abraços da Lagartinha de Alhos Vedros

Anónimo disse...

Desculpa a falta do Havemos!!!
Fico excitada e pronto!

Anónimo disse...

Lagartinha muito nervosa nem se despede!
Desculpem, abraços da Lagartinha de Alhos Vedros

samuel disse...

Grande texto!

Abraço.

Anónimo disse...

A angústia é enorme mas a vontade de vencer terá que a superar. Lutemos com mais força.

Anónimo disse...

"..e a isto o século XX chamou democracia. Acharam o nome "liberalismo" gasto entre a alta tolerância da fome dos outros."

A.G.


Um abraço aos resistentes. Estamos convosco!

Ana Camarra disse...

Camarada António

Pensavamos serem filmes antigos.
Mas não, teremos de continuar a lutar, sempre, é o unico caminho.
Impressionante o texto e a foto.
Pois e quem está sempre no mesmo sitio, no sito certo somos nós.

beijos e coragem

Anónimo disse...

A luta é o único caminho! Ainda esta semana em Coruche tivemos conhecimento do despedimento, por parte dos Amorins, de dezenas de trabalhadores jovens da corticeira, alguns aqui do Couço. Quando eu lhes falava da LUTA e do resistir eles pensavam que "não era bem assim". Hoje partilho com eles a revolta e sei que cresceram. Força mineiros! Força corticeiros! Força trabalhadores! Força Comunistas!