POEMA

INVENTÁRIO


Há os que gravam no vento e sonham
para se iludir apenas. Sonham
que finalmente tudo corre bem,
que uma manhã arrancam os pregos
que os pregam ao muro, que por fim
podem mover as pernas livremente...

Tísicos do sonho tossem imaginação.
Parece que isso os ajuda a passar
a noite, a imaginar o pão barato,
os dentes menos cariados, o almoço
mais rico em calorias.

Há os que não sabem sonhar. Esses
bebem às vezes arsénico, penhoram
o último alento, deixam-se frigir
panados de escórias e amargura.

O ópio grava no vento. Valem
apenas os sonhos que na pedra gravam.


Egito Gonçalves

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

O "sonho comanda a vida".
E é o sonho que nos dá a força para resistir e lutar.

Um beijo.

GR disse...

Não paremos de sonhar, um dia havemos de lá chegar!

Bjs,

GR