POEMA

EDITAL


Ontem à noite
- a uma hora indeterminada da noite -
desapareceu um homem que sabia um segredo.

A família procurou-o sem qualquer resultado:
ninguém o viu, não deixou indícios,
desapareceu como uma nuvem na noite negra.

Era um homem calmo, ponderado;
tinha um rosto vulgar, não era desordeiro,
gostava de passear nos campos aos domingos,
hábitos simples, dois filhos, o curso de farmácia.

O homem que sabia um segredo
não regressou a casa para dormir.

A família procura o seu grito.


Egito Gonçalves

6 comentários:

Maria disse...

Quantos não voltaram a casa para dormir...
Que belo Poema!

Um beijo grande.

Mário Pinto disse...

Mas eram muitos (são), os gritos.

Um abraço

Chalana disse...

Muito bonito!

Justine disse...

Retrato pungente de um tempo tão perto de nós, ainda!

samuel disse...

Enquanto outros tentaram, em vão, que revelasse o seu segredo.

Abraço.

Fernando Samuel disse...

Maria: e tantos foram!...
Um beijo grande.

GR: milhares de gritos...
Um beijo.

Chalana: um abraço.

Justine: tão longe e tão perto de nós...
Um beijo.

samuel: esse é o outro lado do poema...
Um abraço.