AMOSTRA SEM VALOR
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para o infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
António Gedeão
8 comentários:
micro-cosmos de infindáveis mistérios.
abraço do vale
Angústias de poeta?
Um beijo grande.
Um bom retrato aos que pensam que o centro do mundo é o nosso "eu". Porém, nada somos e nada se faz sem o “nós”.
Mais um grandioso poema.
Bjs,
GR
Importante é o nosso eu integrado num nós que não contrarie a nossa individualidade. Um eu que conjuntamente com o nós caminhe em direcção a um outro futuro. Um eu sem cedências, mas com convicções.
É assim que eu interpreto o poema de Gedeão, que me recorda um outro de que transcrevo esta quadra
"Canta, canta. amigo canta
Vem cantar a nossa canção
Tu sozinho não és nada
Juntos temos o mundo na mão"
Um grande abraço.
Estamos num período de nebulosas bastante carregadas.
Abraço.
Encaixar palavras que fazem versos que dizem tanto - é só para alguns!
Tantas vezes que eu transcrevo estes dois versos, "tu sózinho não és nada"
"juntos temos o mundo na mão"
uma verdade incontornável, e que muitos teimam em não querer ver!
Abraço
Belas palavras. Por muito insignificantes e imperfeitos que possamos ser, «nós» também contamos. Também somos humanidade, também somos «universo».
Um Abraço.
Enorme universo.
Saudações
Mário
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