POEMA

VIDRO CÔNCAVO


Tenho sofrido poesia
como quem anda no mar.
Um enjoo.
Uma agonia.
Sabor a sal.
Maresia.
Vidro côncavo a boiar.

Dói esta corda vibrante.
A corda que o barco prende
à fria argola do cais.
Se vem onda que a levante
vem logo outra que a distende.
Não tem descanso jamais.


António Gedeão

4 comentários:

samuel disse...

Que deu uma cantiga curtíssima... mas que gosto muito de cantar.

Abraço.

Maria disse...

As palavras que parecem fáceis de Gedeão, mas com tanto lá dentro!

Um beijo grande.

svasconcelos disse...

A Maria tem razão. Parecem óbvias e fáceis as palavras do Gedeão, porém carregam tanta profundidade, tanta POESIA, "qual onda que se levanta e distende".
Ele, sim, "sofria" de POESIA!
Um beijo

Graciete Rietsch disse...

Gedeão soube fazer da Ciência, poesia e combate social.

Um grande abraço.