POEMA

NÃO


5


Multiplicam-se os meninos nascidos nas palhas
e os vultos sombrios das docas sombrias
e as mulheres tristes das ruelas de lâmpada vermelha
e as raparigas de olhos desiludidos
e os velhos que não tiveram mocidade.
A camponesa continua de pé no campo, com as saias ao vento.
Mas já não tem os braços vergados pelas espigas
porque as searas ficaram por ceifar.
Os aeroplanos enevoam o céu.
E as máquinas inimagináveis trabalham, trabalham.
Mas ficou só um campo cheio de corpos inúteis.
Mas ficou só um campo coalhado de mortos.

Ah! Venham!
De todos os campos, de todas as cidades, de todos os portos, de todos os mares.
Venham.
Vamos dizer que não!


Mário Dionísio

(«Com Todos os Homens nas Estradas do Mundo»)

9 comentários:

Maria disse...

Vamos! Com a força que os nossos pulmões aguentarem!

Um beijo grande.

do Zambujal disse...

Então... e o 4?

Um abraço

do Zambujal disse...

É pá... desculpa lá!
Está a seguir ao 3, claro...
Com sol e tudo!

Outro abraço (este pode ser para o Mário Dionísio)

svasconcelos disse...

Juntos, somos uma força maior!
beijo,

Graciete Rietsch disse...

Todos os humilhados, ofendidos, injustiçados, desiludidos, responsáveis..... lutaremos e alcançaremos o nosso ideal.

Um beijo.

samuel disse...

Dizer não. Por vezes a única arma... mas poderosa.

Abraço.

Fernando Samuel disse...

maria; do zambujal; smvasconcelos; graciete rietsch; samuel:
Venham.
Vamos dizer não.

MR disse...

Não!

Anónimo disse...

je dirais même plus:
NÃO, PORRA!!!
abraço do vale