O NÚMERO QUE FALTA

O Diário de Notícias de ontem informava sobre o lançamento, no dia 11 de Abril, de um livro intitulado «Spínola». O evento ocorrerá na Fundação Mário Soares.

Trata-se, no dizer do jornalista, de uma «profunda biografia de Spínola» - profunda e extensa, acrescento eu, já que segundo nos é dito, o livro tem 750 páginas...

O jornalista, presumo que por sua conta e risco, informa que o biografado é «uma das figuras centrais da guerra do Ultramar» e que «o livro mostra como se formaram as lideranças que adiaram a perda das províncias ultramarinas por Portugal».
Confesso que, confrontado com estas formulações salazarentas - «guerra do Ultramar», «províncias ultramarinas» - fui conferir a data do jornal, pensando que, por efeito de qualquer lapso, me tinha vindo parar às mãos um qualquer Diário de Notícias do tempo do fascismo.
Mas não: era mesmo o DN de 8 de Abril de 2010, só que numa manifestação de profundo fervor «ultramarino»...

Quanto à data anunciada para o evento - 11 de Abril - é óbvio que se atrasaram um mês...

Já quanto ao local escolhido - a Fundação Mário Soares - há que dizer que é incontestavelmente o mais adequado e que tal escolha revela uma apuradíssima sensibilidade da parte de quem a fez.
Atrevo-me, até, a sugerir aos organizadores do evento que, para animar a função, acrescentem ao programa da festa o número que falta.
E que poderia ser anunciado assim: «Onde é que estavas no 11 de Março?: Soares & Alegre respondem»...

8 comentários:

Maria disse...

Fui ver quem era o autor. O currículo é 'invejável'...
Também gostava de ver esses dois responderem à pergunta que colocas no final...

Um beijo grande.

alex campos disse...

Soares e Alegre ainda chegaram a ser colegas do Carilles, na CIA. Segundo consta o criminoso hispânico esteve na organização criminosa até 1976.

Um abraço

Antuã disse...

realmente o homem tem uma grande biografia ao serviço da invasão da Guiné Konacri.

samuel disse...

Dizer-se ainda hoje que, com maior ou menor "adiamento", Portugal "perdeu as províncias ultramarinas"... é obra!

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

O fascismo já é branqueado às claras e com a ajuda de "grandes" antifascistas. Incompreensível!!!!

Um beijo.

MR disse...

A reescrita da história vai-se fazendo assim, sorrateiramente, manhosamente.

Hilário disse...

Eles andam aí, com muita vontade de voltar ao passado.
Nós cá estaremos para combate-los venham donde vierem.
A luta continua!
Um Abraço

Fernando Samuel disse...

Maria: responderiam: «não sei, não me lembro, mas isso foi obra do PCP»...
Um beijo grande.

alex campos: se assim é... foram colegas...
Um abraço.

Antuã: e do assassinato de Amílcar Cabral.
Um abraço.

samuel: é isso, talvez, o mais escandaloso nesta notícia.
Um abraço.

Graciete Rietsch: antifascistas que são, antes de tudo, anticomunistas...
Um beijo.

MR: ... e organizadamente...
Um abraço.

Hilário: e é preciso estarmos atentos.
Um abraço.