«NOVAS FORMAS DE FAZER POLÍTICA»

O Público de hoje fala-nos de uma «Declaração Política» aprovada e divulgada no sábado passado, em Almeirim - terra da afamada sopa da pedra - por uma associação denominada «Movimento Nacional Esquerda» (MNE).

Se a memória me não falha, este MNE - que se diz portador de novas formas de fazer política com vista à sua dignificação e reabilitação - foi criado há uns meses por iniciativa de um grupo de ex-membros do PS e ex-apoiantes de Manuel Alegre (do qual se desligaram pelo facto de Alegre não se ter desligado do PS).

Segundo o Público, na declaração agora aprovada o MNE (surfando na onda propagandística que, com intuitos óbvios, visa identificar PCP e BE...) afirma «partilhar os mesmos ideais de justiça e de distribuição equitativa da riqueza característicos do PCP e do Bloco de Esquerda».
No entanto, o MNE diz discordar destes dois partidos em questões de fundo: não acredita que «as metas políticas e os ideais de esquerda possam ser alcançados através de um partido único, de um Estado centralizado e de uma economia estatizada».

«Partido único»?, «Estado centralizado»?, «economia estatizada»?: é evidente que, recorrendo a estes três «exemplos», o MNE, não está a falar do BE mas sim das patranhas que sobre o PCP são divulgadas (o que só confirma a falsidade da onda propagandística acima referida...).
Mas pior do que isso é o facto de o MNE atribuir ao PCP ideias e opiniões que este de todo não tem, mas que lhe são atribuídas no âmbito da ofensiva ideológica que os média dominantes todos os dias disparam contra os comunistas.

Se o MNE quisesse saber quais são, em verdade, as posições do PCP nessas matérias, bastar-lhe-ia, em vez de beber desinformação nos média do grande capital, procurar informar-se na fonte...

Se assim fizesse ficaria a saber que o PCP defende, de facto, a livre criação de partidos políticos, o pluralismo partidário - e que o faz, na teoria e na prática, desde o tempo em que o PCP era o único partido a combater o partido único fascista...
Ficaria a saber, também, que o PCP sempre defendeu - e defende - na teoria e na prática, um Estado democrático, representativo, participado, eficiente e moderno.
Ficaria a saber, ainda, que o PCP defende - e sempre defendeu - uma organização económica mista composta por um sector empresarial do Estado, um sector privado e um sector cooperativo.

E é claro que, ficando a saber tudo isso - ou seja, a verdade - o MNE não teria escrito o que escreveu. Ou teria?...
A verdade é que estas «novas formas de fazer política» revelam-se sempre mais velhas do que o obrar de cócoras...

10 comentários:

Maria disse...

O MNE - que mais me parece um Movimento de Negócios Esquisitos - não quer saber, porque não lhe convém...

Um beijo grande.
(sem paciência para estes tipos. sim, eu sei que a paciência é revolucionária...)

do Zambujal disse...

MNE = a Movimento(s) de Negócio(s) Esquisito(s)? Gosto!
Mas o que também acho interessante é que essa coisa do sector empresarial do Estado, do sector cooperativo e do sector privado não foi imposta pelo PCP, foi votada por esmagadora maioria da Assembleia Constituinte com excepção do CDS ainda não PP mas liderado pelo que veio a ser MNE (!!) em governo PS.
Isto dá cabo volta... baralha e torna a dar!

Um abraço

Anónimo disse...

Antes de falar o que não sabe vá ver aqui http://www.novaesquerda.org, como verá não é bem assim.

Miguel Jeri disse...

O BE era a "esquerda moderna", o MNE é a "esquerda super-moderna"; aguardo pela esquerda "ultra-moderna" e outros superlativos afins. Pena que o rigor não esteja incluído no conceito de modernidade...

Graciete Rietsch disse...

Mas eles sabem isso tudo. Só que atacar o PCP pela "esquerda" dá tão bons resultados!!!!!!!!

Um beijo.

samuel disse...

Se "soubessem" isso e escrevessem isso, uma data de gente, mais, ficaria a saber isso... e isso seria uma enorme contrariedade... :-)))

Abraço.

samuel disse...

Ora bolas, caro Anónimo das 22:40!
Seguindo a sua sugestão, fui ver e, embora a neve não caísse... a coisa ainda era pior do que o que o Fernando Samuel retratou. A boca parva do partido único está lá, mais a economia totalmente estatizada, mais umas pobrezas sobre a autocrítica e uma ligação fantástica aos actuais regimes russo e chinês... ora bolas!

Nelson Ricardo disse...

Essas esquerdas modernas nascidas do anti-comunismo pariram personagens tão idóneas como Blair ou o palhaço do Obama.

Zé Canhão disse...

Eu preferia o Movimento Nacional Feminino. Pelo menos tinha mulheres!...

MR disse...

Há quem pense que a consciência popular é assim a modos que... um pano. Um farrapo que se vai embebendo com uma substância qualquer, desde que não seja miscível com o pano ou agentes activos do seu reforço. A coisa alastra. O povinho bebe.
Por mais que se lave, fica a nódoa.