No decorrer da sua visita oficial à República Checa, o Presidente Cavaco Silva participou, com o Presidente daquele país, Vaklav Klaus, num seminário que juntou empresários dos dois países.
Até aqui, nada a assinalar: trata-se de uma visita de rotina, daquelas em que os chefes de Estado do mundo capitalista cumprem a função de caixeiros viajantes dos interesses do grande capital e, assim, nas suas deslocações a outros países, fazem-se acompanhar, sempre, de empresários que apresentam aos empresários do país visitado, proporcionando os respectivos negócios...
Acontece que, no decorrer do referido seminário, Vaklav Klaus produziu declarações inusitadas nestas circunstâncias.
Disse ele, a dada altura, que ficou «muito surpreendido por Portugal não parecer muito preocupado por ter um défice de oito por cento» - e, não sei se a sério se a brincar, recomendou a Cavaco: «Por favor, não digam a ninguém que têm um défice maior que o nosso»...
Confrontado pelos jornalistas com tais declarações, Cavaco - que esperto que este homem é! - começou por fugir à resposta fingindo não ter percebido o que Klaus tinha dito.
Todavia, perante as insistências, sacou da mais recente arma-secreta-lusitana e disparou, seco: «Portugal já tem o seu Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), aprovado na União Europeia, e agora segue-se a sua aplicação prática».
Depois, sem ninguém lhe pedir que o fizesse, achou por bem responder às declarações proferidas no dia anterior pelo Presidente da República Checa, segundo o qual «o Tratado de Lisboa veio agravar o défice democrático da União Europeia».
Aí, Cavaco brilhou como só ele é capaz de brilhar...
Com aquela ironia fina que se lhe conhece, começou por menorizar e desvalorizar as declarações de Klaus, dizendo que «são conhecidas as suas posições pouco ortodoxas» - que é como quem diz: ele é assim, não lhe liguem, não façam caso...
Depois, tolerante, paternalista e democrata até dizer chega, Cavaco concedeu que «às vezes é bom ouvir na Europa quem pensa de modo diferente»...
Às vezes, disse ele - que é como quem diz: de vez em quando, uma vez por outra e desde que isso não tenha quaiquer consequências; porque se tem, ou pode ter, consequências, então... não há referendo para ninguém...
Os representantes da democracia dominante, para melhor combaterem a Democracia, têm necessidade de, às vezes, dar um ar de democratas.
Só que... são sempre o gato escondido com o rabo de fora...
5 comentários:
Até a República Checa!!!!!!! Mas aprovou o Tratado.
Que Eufopa esta onde nós entramos como se tivéssemos vindo de outro Continente.
Um abraço grande.
Cavaco só diz o que quer e quando quer. Nem que tenha de dar cambalhotas...
Faz parte da cambada.
Um beijo grande.
Felizmente, há quem os tope. Muitas vezes. Felizmente... quase sempre!
Abraço.
Esses dois podiam juntar-se e reformar-se num casebre. O "democrata" do Vaclav Klaus não descansa enquanto não ilegalizar o PC de lá e quase conseguiu com a Juventude Comunista Checa.
Dois "democratas" bem à maneira do Capital e da sua UE.
Graciete Rietsch: é a grande europa do grande capital...
Um beijo.
Maria: é tão pequenino, não é?...
Um beijo grande.
samuel: o problema é... os que não os topam...
Um abraço.
Nelson Ricardo: são ambos essencialmente anticomunistas.
Um abraço.
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