POEMA

MÃE


De noite
ouvi barulho
na cozinha.

Levantei-me.

Fui ver.

A mãe passava a ferro
os calções que eu devia
levar à escola.

Sentada, mal podia
com o ferro. Longe
um galo nos dizia «o dia aí vai».

Esfrego os olhos estremunhado.

E a mãe:
- O que é, filho? Cuidado
não acordes o pai.


Mário Castrim

8 comentários:

Ana Martins disse...

Lembro-me de ler esse no Avante! Era leitora assídua dos pontos naturais...

samuel disse...

O amor duro e difícil de quem tinha que acertar as suas vidas pelas mais cruas leis da Natureza...

Abraço.

GR disse...

Um poema à Mãe, Mulher, Lutadora.
Mais um belíssimo poema.

Bjs,

GR

Op! disse...

Não li ultimamente nenhuma critica literária que não conotasse negativamente o neorrealismo... textos como este despertam receio em muita gente!

Maria disse...

Lindo. Pleno de ternura. E de força...

Um beijo grande

Ana Camarra disse...

Pois filho, não acordes e Pai...acorda tu, que o pai tem estado a lutar e a mãe também, para teres um futuro, vai para a escola e aprende para além do que te quiserem ensinar.

beijo

Fernando Samuel disse...

Ana Martins: sabes que foi publicado um livro do Castrim com os «Poemas do Avante»?
Um beijo.

samuel: nem mais!
Um abraço.

GR: exacto!
Um beijo.

Membro do Povo: o neo-realismo foi condenado e executado... uma série de vezes...
Um abraço.

Maria: em resumo: à Castrim...
Um beijo grande.

Ana Camarra: outra maneira de dizer (quase) o mesmo...
Um beijo.

Anónimo disse...

Que falta de imaginação esta a de sair de onde se não está.
Que falta de imaginação esta a de se ser sempre eleitoralista.
Pensarão eles que farão melhor trabalho (...) como dissidentes comunicacionalmente assumidos?
Efémera vida "revolucionária"destes
social-democratas "bem pensantes" deixa bem actual o falecido WillY Brandt: comunistas aos 2o anos são os melhores social-democratas aos 40.
JSSS