POEMA

BIOGRAFIA


Protesto contra a vida,
mas amo-a com furor,
e odeio a paz traída
que me querem impor.

Qual dos homens sou eu,
de quantos posso ser?
Que foi que me venceu?
Ou é isto vencer?

Ás vezes, de tardar
a esperança em que cismo,
sinto-me soçobrar
num negro niilismo.

Não há ira nem pejo
que exprimam tanto nojo
com que aviltados vejo
tantos homens de rojo.

Ilusões e tristezas
quem é que nunca as teve?
Soltem-se as nuvens presas.
Faça-se a treva leve.

Cada homem só o é
porque outros homens há.
Sofre-se para quê?
Sempre dores haverá?

Acaso nada valha
viver-se vertical.
Mas cortem-me à navalha
e eu jurarei que vale.


Armindo Rodrigues

5 comentários:

poesianopopular disse...

Belas, simples e pesadas...estas palavras em verso, do grande Armindo Rodrigues.
Abraço

Justine disse...

Vale, sim!

samuel disse...

Belas e certeiras quadras (que parecem) soltas.

"Cada homem só o é
porque outros homens há"...

... o resto é embuste!

Abraço.

Maria disse...

É a única forma que vale a pena viver: na vertical!

Um beijo grande

Fernando Samuel disse...

poesianopopular: e certeiras.
Um abraço.

Justine: ó se vale!
Um beijo.

samuel: um embuste que infelizmente já fez muito caminho...
Um abraço.

Maria: é também a mais difícil...
Um beijo grande.