BIOGRAFIA
Protesto contra a vida,
mas amo-a com furor,
e odeio a paz traída
que me querem impor.
Qual dos homens sou eu,
de quantos posso ser?
Que foi que me venceu?
Ou é isto vencer?
Ás vezes, de tardar
a esperança em que cismo,
sinto-me soçobrar
num negro niilismo.
Não há ira nem pejo
que exprimam tanto nojo
com que aviltados vejo
tantos homens de rojo.
Ilusões e tristezas
quem é que nunca as teve?
Soltem-se as nuvens presas.
Faça-se a treva leve.
Cada homem só o é
porque outros homens há.
Sofre-se para quê?
Sempre dores haverá?
Acaso nada valha
viver-se vertical.
Mas cortem-me à navalha
e eu jurarei que vale.
Armindo Rodrigues
5 comentários:
Belas, simples e pesadas...estas palavras em verso, do grande Armindo Rodrigues.
Abraço
Vale, sim!
Belas e certeiras quadras (que parecem) soltas.
"Cada homem só o é
porque outros homens há"...
... o resto é embuste!
Abraço.
É a única forma que vale a pena viver: na vertical!
Um beijo grande
poesianopopular: e certeiras.
Um abraço.
Justine: ó se vale!
Um beijo.
samuel: um embuste que infelizmente já fez muito caminho...
Um abraço.
Maria: é também a mais difícil...
Um beijo grande.
Enviar um comentário