POEMA

PORTA DA TRAIÇÃO


Quero encontrar-me com vocês
no desregrado convívio,
na balbúrdia dos cafés.

Nos altos bancos dos bares,
nos transportes colectivos,
nos recintos populares.

Nos corredores dos cinemas,
nos inóspitos lugares
onde se mascam problemas.

Juventude, juventude!
Fogo de santelmo vivo
num mastaréu de virtude.

Braços meus, cálices brancos,
aguardam corolas rubras
no declive dos barrancos.

Vinde, vinde, ó flor mimosa,
ó cavaleiro Galaaz,
que em dentes cerrados traz
a promessa de uma rosa.
Vinde, ó fugaz claridade,
antes que a Vida vos tome
e transforme a vossa fome
em «coisas da mocidade».


António Gedeão

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Tão profundo este poema!!!!!! Este grande professor de Física, este grande Poeta sempre deixou transparecer em tudo o que escrevia as suas preocupações sociais.

Um beijo.

samuel disse...

O tempo é agora!

Abraço.

Maria disse...

A lucidez deste homem...

Um beijo grande.

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch, samuel, Maria: este poema faz-me lembrar «les bourgeois» do Brel.

Beijos e abraço.