UM NOME E UM EXEMPLO A FIXAR
Carlos Pato nasceu em São João dos Montes, Vila Franca de Xira, em 21 de Dezembro de 1920.
Oriundo de uma família antifascista - era irmão de Octávio Pato, que viria a ser um destacado dirigente do PCP - Carlos Pato, aos 17 anos de idade, aderiu ao PCP - integrando, logo a seguir, o Comité Local do Partido e, um pouco mais tarde, o Comité Regional do Ribatejo.
Paralelamente à actividade partidária, participou intensamente no movimento associativo do concelho e fez parte do «Grupo Neo-Realista de Vila Franca».
Foi duas vezes preso pela PIDE.
Na última dessas prisões, em 1949, foi submetido a brutais torturas, incluindo 111 horas consecutivas de «estátua».
Após uma cruel agonia, resultante das torturas e da recusa da polícia fascista em lhe facultar tratamento médico, viria a sucumbir às 6H35 do dia 26 de Junho de 1950, no Reduto Norte do Forte de Caxias - faz hoje precisamente 60 anos.
Tinha 29 anos de idade.
O seu funeral, que a PIDE quis ocultar, constituiu uma expressiva manifestação de pesar e de protesto da população do concelho de Vila franca de Xira.
Uma manifestação que Alves Redol descreveu assim, no Prefácio ao livro «Alguns Contos», de Carlos Pato, publicado um ano após a sua morte, por iniciativa de um grupo de amigos:
«Só quem viu mulheres e meninos do povo levarem-te raminhos de flores silvestres, numa homenagem que nunca conheci igual, e os teus amigos, e os teus companheiros de trabalho, e uma população inteira, todos sofrendo a essa separação, numa angústia que estava mais no nosso sangue do que nos rostos torturados por esse golpe, é que saberá compreender e testemunhar que chorámos um Homem. Um Homem de que nos cumpre honrar o exemplo de dignidade e a lição de coerência»
Sobre Carlos Pato, escreveu José Gomes Ferreira:
Volta-te e olha para a terra.
- a carne da tua sombra
de flores acesa.
Céu para quê?
O céu é para os que esperam.
E tu morreste por uma certeza!
E Carlos de Oliveira:
Mais vivo porque sofreste,
a morte não veio, foi-se.
A eternidade constrói-se
na beleza com que viveste.
E Sidónio Muralha:
Largos versos irrompem do teu silêncio de granito.
E tu vives inteiro em cada grito,
tu que foste maior que todas as poesias.
(Esta tarde, a Comissão Concelhia de Vila Franca de Xira do PCP prestou homenagem a Carlos Pato, com uma sessão no Clube Vilafranquense - em que interveio Armindo Miranda, da Comissão Política do PCP - seguida de uma romagem ao Cemitério de Vila Franca de Xira)
8 comentários:
Carlos Pato foi de facto um exemplo a fixar e recordar.
Um abraço.
Outro dos nossos heróis mortos. São exemplos que engrandecem e dignificam o nosso Partido,tal como é.Orgulho-me de ser militante de um Partido como o PCP.
Um abraço, comarada.
"Aqueles que se percam no caminho..."
Abraço.
'teu silêncio de granito
.....
tu que foste maior que todas as poesias'
Não tenho palavras.
Um beijo grande e um abraço.
Façamos por merecer os nossos heróis.
Um testemunho comovente, mas que muito nos honra.
Bjs,
GR
Se há coisa que tenho de agradecer ao PCP é o me ter mostrado o verdadeiro significado da lealdade aos ideais puros e a natureza do verdadeiro patriotismo, que se encontra na abnegação em prol dos interesses das classes mais pobres.
A militância na JCP proporcionou-me trabalhar de perto com um membro da família Pato e posso afirmar com segurança que aprendi com ela muita das certezas e ensinamentos que me guiam na minha actividade como comunista e activista por uma sociedade e um país mais justo, fraterno e solidário.
Bonita homenagem Fernando!
Um Abraço.
Bonito , o teu post, e todas as remetências poéticas a Carlos Pato. Bonito, mesmo!
Um beijo,
Enviar um comentário