«POUCOS», DIZ ELE...

As eleições na Bolívia têm passado quase despercebidas nos jornais portugueses. O Público, por exemplo, até hoje (quarta-feira) não lhes fez qualquer referência...

Por que será?

Aponto três razões:

em primeiro lugar, porque não foram «eleições livres»: foram eleições de facto livres - livres como em nenhum país da Europa (Portugal incluído). Foram eleições em que, com os novos métodos de votação, utilizados pela primeira vez em todo o mundo, se anulou a possibilidade de fraudes eleitorais, designadamente aquela fraude que se traduz no facto de a mesma pessoa votar duas, ou três, ou quatro vezes - como acontece em vários países da Europa (Portugal incluído)

Em segundo lugar, porque mais de 90% do eleitorado foi votar - coisa inimaginável nas «democracias modernas» da União Europeia (a «democracia portuguesa» incluída)

Em terceiro lugar, porque as forças do progresso foram as grandes vencedoras: Evo Morales, que havia sido eleito pela primeira vez, em 2005, com 53% dos votos, atingirá, agora, provavelmente os 65% - e o seu partido elege, pela primeira vez, mais de dois terços dos deputados e dos senadores.

Há que reconhecer que estas são razões mais do que suficientes para que os média portugueses assobiem para o lado - e razões mais do que suficientes para que prossigam as investidas contra Evo Morales...

Um exemplo destas investidas cegas, raivosas e odientas: o politólogo Carlos Abreu de Amorim, que debita no Correio da Manhã, sublinhava na sua prestação de anteontem as várias facetas da «tirania» de Morales, o qual, «acólito de Fidel Castro e Chávez, é um populista que se destacou pelo derramamento de apoios à sua clientela eleitoral».
Presumo que este «derramamento de apoios» tenha a ver com as medidas tomadas, nos últimos cinco anos, pelo Governo da Bolívia, dando significativos passos em frente no combate ao desemprego, à pobreza, à miséria, às desigualdades, às injustiças - e fazendo chegar a saúde, a alfabetização, o ensino, a milhões de bolivianos...

Mas, para o politólogo acima citado, o pior de tudo é que - diz ele - Morales «agora anunciou que vai mudar a lei para poder prender o candidato da Oposição»...
Num próximo post, traduzirei esta afirmação do politólogo, sublinhando a sua ignorância ou (ele que escolha) a sua má fé.

Finalmente, Carlos Abreu de Amorim queixa-se da pouca atenção dada pelos seus colegas à denúncia dos atentados de Evo Morales à democracia: na sua opinião «poucos têm condenado este padrão de governação.»
«Poucos», diz ele... Como se as investidas cegas, raivosas e odientas contra Morales, Chávez, Ortega, Correia, etc, não fossem o pão-de-cada-dia da comunicação social dominante...

10 comentários:

Aristides disse...

Também li o vómito do Amorim e fiquei intrigado com aquela de mudar a lei para prender o candidato da oposição. Verdade que nunca duvidei da mentira, ou melhor, da insinuação mentirosa do balofo Amorim, mas secretamente fiquei à espera de um post que a denunciasse.É bem necessária a desmontagem das intrigas desta cambada.
Abraço camarada

samuel disse...

Desde que no meu "café da esquina com correio da manhã" li esse nojo, que tenho por aqui alinhavado um texto sobre o assunto... exactamente à espera de desenvolvimentos sobre a "estória" das "tirânicas prisões"...
Há-de saír! :-)))

Abraço.

Manuel Rodrigues disse...

Mais uma vez e sempre, o que verdadeiramente os incomoda são as opções conscientes dos povos por uma alternativa (alternativa e não alternância) a esta ordem capitalista que, durante anos e anos, assassinou, explorou e rapinou imensas riquezas (também na Bolívia). O que os incomoda verdadeiramente é que a democracia não se fique por uma mera formalidade e mexa com as questões de fundo (na política, na economia, na cultura e na sociedade). O que eles não suportam é que os povos queiram mesmo ser livres... Tudo o resto é conversa fiada...

Antuã disse...

O que os incomoda é que a democracia seja mesmo democracia.

poesianopopular disse...

Os pasquins cá da quinta, estão todos bem servidos, com capachos de costas quentes!
Já a ditadura os tinha...Lembram-se?
Abraço

Maria disse...

Porque haveriam os jornais de falar de umas eleições com mais de 90% de eleitorado a votar? As multidões - o povo - assusta-os tanto...

Em contrapartida, já sobre as Honduras... sabemos como foi!

Um beijo grande

Maria disse...

Porque haveriam os jornais de falar de umas eleições com mais de 90% de eleitorado a votar? As multidões - o povo - assusta-os tanto...

Em contrapartida, já sobre as Honduras... sabemos como foi!

Um beijo grande

CRN disse...

Ganhou Morales, ganhou o Povo, Ganhou a democracia, ganhou o futuro!
Os esbirros do senhorio que balbuciem!

José Henrique Soares disse...

O padrão de governação na América Latina em que o politólogo Amorim se revê é o do general Pinochet...

Fernando Samuel disse...

Aristides: é o que tento fazer no post seguinte. É necessário que desmascaremos estas golpaças.
Um abraço.

samuel: hoje voltei ao assunto...
Um abraço.

Manuel Rodrigues: exactissimamente!
Um abraço.

Antuã: é assim a «democracia» deles...
Um abraço.

poesianopopular: e os donos deles são, mais ou menos, os mesmos...
Um abraço.

Maria: eles falam no que interessa aos seus donos...
Um beijo grande.

CRN: ganhou o futuro.
Um abraço.

José Henrique Soares: nem mais!
Um abraço.