POEMA

PROFECIA


Quando o palhaço, a quem os barões do carvão
deixam fazer de Chefe na nossa terra, tiver feito
de Chefe tempo bastante,
vai empreender no Continente todo
o papel de Chefe.

Quantos mais canhões tiver
mais ameaças vai soltar.
Vai julgar: eles receiam a guerra, mas
um dia há-de ele ter a sua guerra.

Há-de berrar: a velha França
está cansada e quer sossego.
E virão contra ele esquadras de tanques da França.
Há-de berrar: para o povo inglês de merceeiros
a guerra é cara de mais.
E virá contra ele o ouro do Transvaal
e de ambas as Índias.
Há-de berrar: a América
fica muito longe, não tem exército.
E virá contra ele muito próximo
o exército da vasta América que constrói cidades
que têm cem andares.
Há-de berrar: só a União Soviética
espera por nós.
E hão-de vir contra ele os aviões
dos povos soviéticos, quatro vezes consecutivas.
Há-de berrar: os nossos amigos italianos
hão-de vir ajudar-nos.
E não virá ninguém.

E a Alemanha, que na última guerra
ganhou as batalhas todas menos a última,
nesta guerra, tirante a primeira,
há-de perdê-las todas.


Brecht

3 comentários:

samuel disse...

Bela profecia!
É preciso que os palhaços que hoje os barôes escolhem como chefes não passem apenas disso mesmo: de palhaços.

Abraço.

Maria disse...

A profecia necessária (para não dizer bela!) :)
Excelente Brecht, mais uma vez, e sempre!

Um beijo grande

poesianopopular disse...

É urgente aniquilar esta espécie de palhaços!
Basta o primeiro para a espécie ficar catalogada!
Abraço