Volto à matéria do post anterior.
O objectivo é o de chamar a atenção para a forma como os média dominantes fabricam as notícias - notícias falsas, que constituem alimento essencial da ofensiva ideológica em curso - que, depois, de muitas vezes publicadas se transformam em «verdades absolutas» para milhões de pessoas.
«Morales anunciou que vai mudar a lei para poder prender o candidato da Oposição após as eleições» - escreveu o tal «politólogo».
É óbvio que o objectivo da «revelação» é o de alimentar a imagem que os média dominantes (todos sem excepção) têm vindo a difundir, apresentando Evo Morales como um «tirano» e o processo de mudança em curso na Bolívia como uma «tirania».
Mas onde é que o referido «politólogo» foi desencantar a «revelação»?
Tudo indica que a sua «fonte» é, nem mais nem menos, do que o próprio «candidato da Oposição», Manfred Reyes e os média bolivianos - que, esclareça-se, são, na sua maioria, propriedade do grande capital (lá como cá...) e, por isso, fizeram desbragada campanha contra Evo Morales (lá como cá...)
Senão vejamos: a dada altura da campanha eleitoral, Manfred Reyes declarou que Evo Morales planeava fazer uma lei para o prender após as eleições.
Tratava-se de uma manobra de Reyes - aliás manobra tosca, primária, como adiante se verá - mas que foi amplamente divulgada pelos média bolivianos dominantes e, naturalmente, pelos seus gémeos em todo o mundo.
E assim chegou ao «politólogo» supra citado que, aceitando-a como fonte fidedigna, bebeu, bebeu, bebeu... e passou a vomitar teoria.
Vamos aos factos.
Quando Reyes fez essa declaração, Morales denunciou a manobra, comentando: «Reyes candidatou-se para não ser preso e Fernández (o candidato a vice-presidente) candidatou-se para sair da prisão» - acrescentando que se trata de «delinquentes que roubam dinheiro ao povo e, por isso, serão julgados e condenados».
E por que é que Morales disse o que disse? O que é que se passa (ou passou) com os dois «candidatos da oposição»?
É simples.
O candidato Manfred Reyes e o seu candidato à vice-presidência, Leopoldo Fernández, estão ambos a contas com a justiça boliviana - e já estavam nessa situação antes de se candidatarem às recentes eleições.
Fernández - que foi Chefe da Polícia Militar do ditador Garcia Meza - está preso há cerca de um ano, entre outros crimes pelas suas responsabilidades no «Massacre de Pando», de 11 de Setembro de 2008, no qual foram assassinados 13 camponeses. Fernández era, na altura, Governador do Estado de Pando (cargo que perdeu no referendo realizado em 2008).
Reyes - que foi Chefe da Segurança do ditador Garcia Meza - foi Governador do Estado de Cochabamba (cargo que perdeu no referendo realizado em 2008) e sobre ele pesam cerca de 20 processos por crimes diversos (corrupção, etc), na sequência de uma investigação judicial que determinou a proibição de ele sair do país e lhe confiscou 50% dos bens.
(no decorrer da campanha eleitoral descobriu-se que Reyes , desrespeitando a determinação judicial, tinha reservado passagem aérea para abandonar o país - além de que foram divulgadas gravaçõe que o mostravam numa reunião em que ele e outros preparavam um plano de fraude para as eleições de domingo passado...)
São estes os heróis do «politólogo».
São estes os pobres democratas vítimas do «tirano» Morales.
É esta a «informação» difundida pelos média dominantes - em Portugal e no mundo.
6 comentários:
Que pena eu tenho que no actual panorama da nossa comuicação social não haja a mínima possibilidade de confrontar estas alimárias com as mentiras que desavergonhadamente propagam e propagandeiam. Como eu gostava de ver o anafado Amorim engasgado coma s suas mentiras.
Abraço camarada
Se o Reyes disse... isso é que é a verdade!
Era o que faltava, apoiar um "tirano" e ainda por cima, índio!!!
Abraço.
Tudo boa gente, e honesta, portanto...
Um beijo grande
Lá como cá é tudo gente muito honesta.
Excelente exposição
Aristides: defender-se disso faz parte do esquema montado...
Um abraço.
samuel: realmente!...
Um abraço.
Maria: portanto... tudo gente boa e honesta...
Um beijo grande.
Antuã: honestíssimos...
Um abraço.
Miguel Jeri: Um abraço.
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