POEMA

A QUEIMA DOS LIVROS


Quando o Regime ordenou que queimassem em público
os livros de saber nocivo, e por toda a parte
os bois foram forçados a puxar carroças
carregadas de livros para a fogueira, um poeta
expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de fora! Não disse eu
sempre a verdade nos meus livros? E agora
tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!


Brecht

15 comentários:

O Puma disse...

A luta continua

em Copenhaga

zemanel disse...

não há machado que corte, a raiz ao pensamento.

Manuel Rodrigues disse...

É mesmo assim... Esta é a dialéctica da vida... Se, em tempo de opressão, o que escreves (e dizes) não incomoda os opressores, para que servem as tuas palavras?...Se, em tempos sombrios para a liberdade e a democracia, não afrontas os tiranos, para que servem as tuas palavras?... se em tempo de exploração e vilanagem, não afrontas os exploradores, de que servem os teus ideais?... Fica descansado, Cravo de Abril, nos injustos e perigosos tempos que vivemos, os teus escritos são odiados pelo grande capital (não escaparias à fogueira). Tens a prova disso no odioso veneno que alguns dos seus capangas de serviço, de vez em quando, aqui despejam. E, até nisto, se continua a cumprir a dialéctica: afinal, os nossos ideais estão vivos, são muito fortes e incomodam-nos.

LGF Lizard disse...

Embora queimar o "Assalariados Agrícolas de Ervidel", não o deixem de fora! E vai daí, deixa lá isso...

samuel disse...

Brecht no seu melhor. A ironia, elevada a este nível, é terrível!

Abraço.

Antuã disse...

Se levam os honestos porque me deixam?!...

poesianopopular disse...

Poupa o teu inimigo ...e verás, quando ás mãos lhe fores cair!
Abraço

LGF Lizard disse...

Para quê queimarem o livro do Galambas? Existe liberdade de expressão...
E para quê tentarem usurpar a minha identidade? o comentário das 1.49h de 08/12/2009 não é meu... É o segundo passo, depois dos ataques pessoais? Mas fico satisfeito. Além de demonstrar que tenho razão, demonstra o "amor" que os comunistas têm pelas opiniões contrárias. Nada que um bom Gulag não resolva, não é verdade?

Graciete Rietsch disse...

Querido Cravo de Abril queimem tudo, as tuas palavras, as de tantos outros, as minhas por insignificantes que sejam, queimem tudo que é justo, progressivo com vista a um amanhã onde valerá a pena viver, queimem tudo, mas os ideais permanecerão e a luta continuará. Nunca queimarão a força e a resistência de quem corajosamente e contra ventos e marés continuará em frente por aquele ideal tanto mais fortalecido quanto maiores são as oposições que se lhes apresentam. Venceremos camarada não tenho dúvidas. Um beijo.

Fernando Samuel disse...

O Puma: sempre e em todo o lado.
Um abraço.

zémanel: nem machado nem fogo nem bala...
Um abraço.

Manuel Rodrigues; nenhum de nós escaparia à fogueira - e mesmo assim venceríamos.
Um abraço.

samuel: é mortífero...
Um abraço.

Antuã: exacto!
Um abraço.

poesianopopular: um dia destes publicarei um poema do Brecht sobre o assunto.
Um abraço.

LGF Lizard: Pois.

Graciete Rietsch Monteiro Fernandes:o ideal comunista é indestrutível.
Um beijo.

svasconcelos disse...

o IDEAL não se queima, mas arde intensamente dentro de nós, como se fosse a combustão da nossa luta.
beijo,

Melo disse...

Nós no passado, fomos perseguidos também alguns presos outros mortos.
Nem mesmo assim conseguiram silenciar-nos, pelo contrário, uniram-nos ainda mais.
A nosso força, está dentro do nosso corpo que corre como um rio da nascente para a foz.
Por isso, caros camaradas, a nossa ideologia nunca morrerá, por cada um que tomba dois novos se levantam.

Um abraço a todos deste camarada
Melo

Fernando Samuel disse...

smvasconcelos: é essa força que o faz indestrutível.
Um beijo.

Melo: não conseguiram nem conseguirão nunca calar a nossa voz.
Um abraço, camarada.

Maria disse...

Fortíssimo!
E o Farenheit 451 a vir à memória!

Um beijo grande

Fernando Samuel disse...

Maria: precisamente.
Um beijo grande.