SONATA DE OUTONO
Inverno não ainda mas Outono
a sonata que bate no meu peito
poeta distraído cão sem dono
até na própria cama em que me deito.
Acordar é a forma de ter sono
o presente o pretérito imperfeito
mesmo eu de mim próprio me abandono
se o rigor que me devo não respeito.
Morro de pé, mas morro devagar.
A vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser.
Não me deixo ficar. Não pode ser.
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
pois viver é também acontecer.
José Carlos Ary dos Santos
3 comentários:
Acordei hoje a cantar esta Sonata. Que coincidência... e que maravilha!
Um beijo grande
A tua vida ainda não acabou de facto, Ary!!
Maria: amanhã, no Coliseu, cantá-la-emos em coro.
Um beijo grande.
Justine: pois não: os Poetas não morrem...
Um beijo.
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