POEMA

O PEQUENO PERSA


É um pequeno persa
azul o gato deste poema.
Como qualquer outro, o meu
amor por esta alminha é materno:
uma carícia minha lambe-lhe o pêlo,
outra põe-lhe o sol entre as patas
ou uma flor à janela.
Com unhas e dentes e obstinação
transforma em festa a minha vida.
Quer-se dizer, o que resta dela.


Eugénio de Andrade
(«O Outro Nome da Terra» - 1988)

5 comentários:

Justine disse...

Ah Eugénio, o que tu sofreste com a morte desses teu persa. Mas os poemas fulgurantes que ele te fez escrever!

samuel disse...

Como qualquer gato que se preza... :-)))

Abraço.

svasconcelos disse...

Ai, os gatos! E como o Eugénio os tributou!
:))
beijos,

Ana Camarra disse...

Os gatos são seres especiais.

beijo

Maria disse...

Por mim o Eugénio é um poeta especial...

Um beijo grande