POEMA

SONETO PRESENTE


Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.


José Carlos Ary dos Santos

4 comentários:

samuel disse...

Os amigos, por exemplo, no Botequim ou no João Sebastião Bar, ou em casa... pediam-lhe para dizer versos, como a outros se pedem canções. Este e o Auto-Retrato, estavam sempre no "top".
Nada fará esquecer a maneira como sussurrava o verso "a não ser os que eu amo, os que eu entendo"...

Abraço.

Maria disse...

Deste soneto guardo dezenas de recordações... e fico sempre sem palavras quando o leio. Porque vejo o Zé Carlos à minha frente...
Neste, e n'A Bandeira Comunista!

Um beijo grande

Maria disse...

E dia 4 lá estarei. Com amigos que me surpreenderam pedindo-me para arranjar bilhetes...

Outro beijo grande

Fernando Samuel disse...

samuel: ao dizer os seus poemas, ele fazia de cada um, um novo poema.
Um abraço.

Maria: lá nos encontraremos na mais do justa homenagem ao nosso Zé Carlos.
Um beijo grande.