POEMA

O SORRISO, OUTRA VEZ


Tu partiste nos quatro versos
que antecederam estas linhas;
ou partiu o teu sorriso, porque tu
sempre moraste no teu sorriso,
chuva verde nas folhas, o teu sorriso,
bater de asas no pulso, o teu sorriso,
e esse sabor, esse ardor da luz
sobre os lábios, quando os lábios são
rumor de sol nas ruas, o teu sorriso.


Eugénio de Andrade
(«Rente ao Dizer» - 1992)

7 comentários:

Maria disse...

Há sorrisos que ficam sempre na nossa memória. São os que vivem rente ao coração...

Um beijo grande

svasconcelos disse...

Felizes os que moram nos seus sorrisos e no sorriso dos outros...
beijos,

Justine disse...

O "Rente ao Dizer" quase o conheço de cor, mas cada poema , sempre que o leio, é como se fosse a primeira vez.
Este é um dos muito, muito belos

samuel disse...

Quanta inquietação boa... num bater de asas no pulso.

Abraço.

Fernando Samuel disse...

Maria: esses sorrisos que, por isso mesmo, fazem parte de nós...
Um beijo grande.

smvasconcelos:... porque deles é o reino da ternura...
Um beijo.

justine: é assim com (quase) todos os poemas de Eugénio de Andrade...
Um beijo.

samuel: quanta ternura, quanta saudade da ternura...
Um abraço.

Ana Camarra disse...

Uma inquietação maravilhosa!

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: sublime!
Um beijo.