É «A CRISE», NÃO É VERDADE?...

Um estudo efectuado por «Nuno Alves, investigador do Banco de Portugal», revela que
«em 21% das famílias que enfrentam situações de desemprego, há duas pessoas à procura de trabalho», na maioria dos casos o marido e a mulher.
Estes números são os mais elevados desde há, pelo menos, 20 anos.

Segundo o investigador do BP, «quando o desemprego afecta os dois membros do casal, a incidência da pobreza sobe para 48%», contra os 18,5 % registados na população em geral».
Esta situação é agravada pelo facto de mais de metade dos desempregados não receber subsídio de desemprego (ao contrário do que dizem dados do Ministério do Trabalho, segundo os quais cerca de 68% dos desempregados recebem subsídio).

Infelizmente, o investigador do BP não teve tempo para «estudar pormenorizadamente as razões que levaram a este aumento»... Por dificuldades de agenda, certamente...
E, em vez disso, ofereceu-nos duas conclusões... sensacionais:
a de que «o desemprego também contribui para as desigualdades» - quem diria! -
e a de que «as famílias pobres são as mais penalizadas com o desemprego»- quem diria!

É claro que, como todos os dias nos é dito pelos média do grande capital, «as dificuldades tocam a todos»...
É «a crise», não é verdade?...

Veja-se a situação dramática de Américo Amorim, o dono da Corticeira Amorim: por causa da «crise», viu-se obrigado a despedir, em Fevereiro passado, cerca de 200 trabalhadores - recorde-se que com a conivência do então ministro do Trabalho, Vieira da Silva.
E ainda há dias o próprio Amorim nos veio dizer que «o ano tem sido difícil para a Corticeira, já que a empresa tem desenvolvido a sua actividade num quadro de recessão económica grave e generalizada».
É «a crise» não é verdade?...

Valha-nos, no entanto, a excelência da governação Sócrates/PS na aplicação da política de direita - e valha-nos igualmente a excelência da gestão dos grandes gestores...
Graças a essa governação e a essa gestão, nem tudo vai mal neste nosso reino da Dinamarca...
Ou, melhor dizendo: tudo vai bem...
Que o diga o supra-citado Américo Amorim que no terceiro trimestre deste ano viu a sua Corticeira arrecadar um lucro líquido de 5,7 milhões de euros - o que corresponde a um aumento de 60,7% em relação ao lucro obtido em igual período do ano passado.

É «a crise», não é verdade?...

7 comentários:

Op! disse...

É a crise dos pobres!

Maria disse...

Acabei de ouvir há pouco o PM dizer, com a desfaçatez que o caracteriza, que Portugal tem indicadores de que está a sair da crise - a retoma - e que é o 1º país da UE a fazê-lo...
Somos mesmo muito bons!

Um beijo grande

samuel disse...

É a crise, sim... mas no caso destes génios é a crise da falta de vergonha...

Abraço.

Antuã disse...

Claro que a crise toca a todos. Uns governam-se com ela e aumentam os lucros fabulosos enquanto outros são mais explorados que nunca.

svasconcelos disse...

A crise tem sido o bode expiatório para as justificações apatetadas destes biltres, do crescente desemprego, no aumento da pobreza, no fosso cada vez maior entre ricos e pobres... mas quem pensam eles que enganam ?!
beijos,

Manuel Rodrigues disse...

É a crise que os mesmos de sempre vão (estão a) ser chamados a pagar, para que os senhores do capital possam continuar a sua festança. Mas, não será da própria natureza deste sistema gerar crises, sempre para os mesmos?... Esta é a verdadeira crise que, cedo ou tarde, a humanidade há-de superar... E, nessa altura, não haverá crise que lhes valha...

Fernando Samuel disse...

Membro do Povo: e a fartura dos ricos...
Um abraço.

Maria: sempre, sempre no «pelotão da frente»...
Um beijo grande.

samuel: o capitalismo é (também)desvergonha...
Um abraço.

Antuã: são as vantagens (para eles) das crises...
Um abraço.

smvasconcelos: a «crise» justifica tudo o que lhes faz aumentar os lucros.
Um beijo.

Manuel Rodrigues: e nessa altura outro galo cantará...
Um abraço.