POEMA

DAI-ME UM NOME


Dai-me um nome, um só nome
para tudo quanto voa:
cardo pedra romã.

Um só nome para o desejo
ser na manhã corola
de cal, cotovia,

chama subindo
baixando até ser incêndio
de amor rente ao chão.

Um só nome para que tudo,
rosa excremento mar,
possa entrar numa canção.


Eugénio de Andrade
(«Os Lugares do Lume» - 1998)

6 comentários:

samuel disse...

Tudo pode entrar numa canção... pela mão dos grandes.

Abraço.

Ana Camarra disse...

Um nome?!

VIDA!

beijos

Fernando Samuel disse...

samuel: se o Neruda até escreveu uma «ode `a cebola»...
Um abraço.


Ana Camarra: por exemplo...
Um beijo.

Maria disse...

Ternura, amor, canção, abraço, dor, coração... e ele quer apenas um nome...

Um beijo grande

Fernando Samuel disse...

Maria: um nome: Ary.

Um beijo grande.

Fernando Samuel disse...

Maria: queria dizer: Eugénio, obviamente...

Um beijo grande.