A evolução da situação nas Honduras justifica inteiramente as «desconfianças» manifestadas pelo Cravo de Abril logo que foi aprovado o «acordo» que, supostamente, iria repor a legalidade constitucional naquele país - «acordo» que previa, designadamente, a formação de um «governo de unidade e reconciliação nacional» (?) e a «possível» (?) restituição do poder ao presidente legítimo, Manuel Zelaya.
As «desconfianças» decorriam (decorrem) de dois factores essenciais: o conteúdo do «acordo» (envolvendo uma insólita paridade entre os golpistas e as vítimas do golpe) e, mesmo assim, o mais do que duvidoso cumprimento desse «acordo» por parte dos golpistas.
Quanto à «possível» restituição do poder a Zelaya... o Congresso Nacional ainda não reuniu nem dá sinais disso: muitos membros do Congresso «estão de férias»... muitos outros «estão em campanha eleitoral visando a reeleição»... e, como não têm o dom da ubiquidade, não podem estar em dois lados ao mesmo tempo...
Aliás, os representantes dos golpistas insistem em que «não foi estabelecido um prazo» para isso - e, paralelamente, insistem em que «foi estabelecido um prazo», isso sim, «para a formação do governo de unidade e reconciliação nacional»...
Sobre o assunto, pronunciou-se também a ministra do Trabalho dos EUA, Hilda Solis, declarando que «estão a ser desenvolvidos todos os esforços para a formação do governo»... - «governo» do qual o golpista Micheletti - o filho querido do imperialismo norte-americano - se assumiu, já, como líder...
Quer isto dizer que é cada vez mais clara a suja manobra congeminada e posta em prática pelo governo dos EUA e pelos seus homens de mão nas Honduras.
Postas as coisas assim - e confirmado que está que não há acordos possíveis com os golpistas e os seus mandantes... - não há muitas alternativas para Manuel Zelaya e os seus apoiantes...
Para a classe operária, para os trabalhadores, para o povo hondurenho a alternativa é óbvia: continuar a luta até à derrota dos golpistas e à reposição, de facto, da legalidade constitucional e democrática.
Luta para a qual poderão contar com a solidariedade de todos os homens, mulheres e jovens progressistas do mundo.
Luta que vencerão.
8 comentários:
Claro que não se pode negociar com fascistas. Contra estes apenas a luta até à vitória é fiável.
Espero que mais cedo do que tarde...
E um arrepio a subir-me o corpo, pela memória...
Um beijo. Grande.
A monobra está em marcha. Já nem se dão ao trabalho de disfarçar...
Abraço.
A Luta do povo Hondurenho, e a solidariedade internacinal vai continuar.
VENCERÃO!
Um Abraço
Questiono-me agora sobre Zelaia! Nunca duvidei dele até agora, mas acreditará ele realmente na possível concretização da constituição democrática de poder popular numa aliança com golpistas fascistas?
Seja o que for VIVA O POVO HONDURENHO, com ou sem "herói libertador" esta destinado a viver em paz democracia e livre do jugo imperialista estrangeiro!
Homens de pouca fé! Com o Nobel da Paz envolvido na questão, é claro que o imbróglio vai ser resolvido num ápice. Aliás, é como se já estivesse.
Abraço
O povo hondurenho vencerá. Disso não tenho qualquer dúvida. É um bravo povo lutador. Tem resistido heroicamente. No entanto, ainda me assistem algumas dúvidas, que eu muito gostaria de ver dissipadas:
1) Que organização tem a resistência e porque não interferiu (ou tentou interferir?) de modo a impedir o mau acordo entre Zelaya e Micheletti?
2) Como pôde Zelaya cair neste embuste?
3)Que partidos políticos, nas Honduras apoiam Micheletti e que partidos estão do lado do combate pela legalidade democrática?
Alguém me poderá responder?
Antuã: é um negócio perigoso, de facto.
Um abraço.
Maria: e é caso para isso...
Um beijo grande.
samuel: o golpista sabe que tem o apoio do Chefe e isso alimenta-lhe a arrogância e a insolência.
um abraço.
Hilário: luta e solidariedade até à derrota dos golpistas e à restauração da legalidade democrática e constitucional.
Um abraço.
Membro do Povo: Zelaya parece estar muito preso a... ilusões - e sem dúvida é a luta do povo que decidirá tudo.
Um abraço.
Aristides: ora aí está!: é isso mesmo, o Nobel da Paz sabe como fazer a guerra...
Um abraço.
Manuel Rodrigues; perguntas pertinentíssimas, as tuas. Creio que a resistência conseguiu organizar-se razoavelmente nestes quatro meses e tem desempenhado um papel decisivo no combate ao golpe; Zelaya, a meu ver, independentemente de visíveis fragilidades político-ideológicas, dificilmente podia dizer «não» a este «acordo», mas deveria assumir uma posição de maior firmeza; o quadro partidário hondurenho é complexo: o próprio partido de Zelaya apoia e não apoia o golpe... Creio que o que faz falta ali é um partido comunista forte, organizado e com influência social.
Um abraço.
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