POEMA

O SORRISO


Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.


Eugénio de Andrade
(«O outro Nome da Terra» - 1988)

6 comentários:

samuel disse...

Pode ser que haja uma maneira mais bonita de descrever um momento feliz... mas não é fácil!

Abraço.

amigona avó e a neta princesa disse...

E eu deixo um sorriso misturado com um abraço!

poesianopopular disse...

Esta maneira de sorrir que o Eugénio de Andrade descreve com tanta méstria -tem uma força irresistível!
É pena que nem todos tenham a capacidade de fazer uso.
Abraço

Fernando Samuel disse...

samuel/amigona avó e a neta princesa/ poesianopopular: quem há aí capaz de resistir a um tal sorriso?...

Abraços e beijo.

Ana Camarra disse...

Ninguém consegue resistir, ninguem.

Maria disse...

Será talvez a maneira mais feliz de se morrer...

Um beijo grande