POEMA

BREAKFAST EM MASPALOMAS


Das coisas que menos esperava
num hotel de cinco estrelas
era encontrar um gato
no meu prato de torradas.
Como num dos poemas últimos de Montale,
enquanto o chá arrefecia,
foi-se afastando pelo muro do terraço
em leves e femininos passos de dança,
como o faria Nureiev se tivesse
tomado comigo o pequeno almoço.


Eugénio de Andrade
(«Rente ao Dizer» - 1992)

7 comentários:

Justine disse...

Já utilizei este poema, que acho delicioso, num post que evidentemente ilustrei com uma foto do Mounty!!!:))

samuel disse...

Qualquer hotel ganha mais uma estrela...

Abraço.

Maria disse...

Que 'coisa' bonita... às tantas podia ser uma gata e não um gato...

Um beijo grande

svasconcelos disse...

Ai os "persas" do Eugénio... são em si um poema, uma dança. Só quem os conhece.
Eu passaria a ser cliente desse hotel.:))
beijos

Fernando Samuel disse...

Justine: até parece que o Eugénio conhecia o Mounty, não parece?...
Um beijo.

samuel: ou mais do que uma, mesmo...
Um abraço.

Maria: gato, gata, homem, mulher...
Um beijo grande.

smvasconcelos: não há estrelas que cheguem para qualificar hotéis como esse...
Um beijo.

Ana Camarra disse...

Passou a Hotel de 6 estrelas, o inesperado da vida é sempre o melhor.

beijos

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: e quando o inesperado é assim...

Um beijo.