CURIOSO, ESTE TRATADO

Agora que o presidente da República Checa o assinou, o Porreiro, pá! entra em vigor em 1 de Dezembro.

Curioso, este Tratado que dependia apenas de uma assinatura - mas que sem essa assinatura iria em frente na mesma, como não se cansaram de dizer os tratantes-mores...

Curioso, este Tratado que só passou porque os tratantes trataram de proibir terminantemente a realização de referendos que o iriam chumbar - e no único caso em que houve referendo e o respectivo povo disse «não» repetiram o referendo para o povo dizer «sim»...

Curioso, este Tratado que cria o cargo de «Presidente do Conselho Europeu» - cargo cuja natureza democrática é visível no facto de a ele ser candidato um criminoso de guerra chamado Blair...

Curioso, este Tratado, sobre cujo processo de «aprovação» José Sócrates disse: «Foi um largo caminho para as ratificações, mas valeu a pena» - «largo caminho em matéria de desprezo pelas mais elementares normas democráticas», diria Sócrates se quisesse dizer a verdade...

Curioso, este Tratado de cujo dia da «ratificação final» o mesmo Sócrates disse ser «Um dia feliz para a Europa» - «para a Europa do grande capital» diria Sócrates se quisesse dizer a verdade...

Curioso, este Tratado, o seu processo de elaboração e de aprovação - um processo perfeitamente integrado nas normas democráticas que têm presidido a todo o processo de construção desta União Europeia: sempre à revelia da opinião dos povos e sempre em total sintonia com a opinião dos grandes grupos económicos e financeiros.

11 comentários:

samuel disse...

Os grandes negócios, fusões, alianças e "tratados" entre os conselhos de administração em que se transformaram os governos nacionais, não contam, para rigorosamente nada, com a opinião ou os interesses dos "empregados"...

Abraço.

Nelson Ricardo disse...

Elucidem-me,

uma das condições para a realização do 2º referendo na Irlanda foi que este país ganhasse direito à neutralidade militar. Será que isto quer dizer que Portugal, por estar sob tutela do Tratado original, não tem direito à neutralidade militar caso algum país da UE entre em conflito com qualquer nação fora da UE?

Se estiver enganado, corrijam-me.

Antuã disse...

Que haveria de se esperar destes tratantes?

Ana Camarra disse...

Curioso não é adjectivo mais adequado a este tratado e à forma como foi ratificado, ocorrem-me outros mas pelo respeito e carinho que te tenho não os escrevo.

Jorge disse...

O caminho foi de facto «largo»: couberam em tão largo caminho todas as vigarices.
Tão «largo» quanto o caminho para a «democracia» no Afeganistão! Ai há fraudes colossais? Não importa!
Sócrates queria provavelmente dizer «longo» mas confundiu o português com o espanhol que aprendeu na U Independente e praticou com o Zapatero em comícios e pelo telefone.
Porriero, pa!

LGF Lizard disse...

Um partido que ganhou as eleições tem toda a legitimidade para governar. E se no programa de governo está o seguimento da política de integração europeia, os militantes da quinta força política (a tal que nem chegou aos 8%) bem podem opinar (têm toda a liberdade para isso - isto não é nenhuma "democracia popular" ditatorial), mas a legitimidade está com o Sócrates. Por muito que não goste dele, tenho de reconhecer que o povo fez a sua escolha. E se escolheu dar o casamento aos homossexuais sem ser preciso referendo, também aceitou o Tratado Europeu sem referendo. Simples. Mas se calhar os conceitos da democracia são demasiada areia para a camioneta dos apoiantes da tal quinta força política...

Manuel Rodrigues disse...

Curioso, o conceito de democracia destes tratantes. Fogem da livre expressão da vontade dos povos a sete pés; aceitam o referendo só quando do mesmo resulte a afirmação da sua suprema vontade (e, se necessário, repetem-no, tantas vezes, até o conseguir); se algum povo ousa optar por um caminho diferente, fomentam a conspiração ou o golpe de Estado, para que se cumpra a suprema vontade do intocável capital; Apoiam-se no terrorismo (que, muitas vezes, eles próprios desencadeiam ou alimentam) para atacar direitos sociais. Se o povo lhes deu uma maioria relativa, transformam-na em maioria absoluta e gritam: "abaixo a oposição que não tem legitimidade!". Se alguém reclama, vociferam: "aqui-del-rei! cá estão os comunistas!" Se uma força política protesta, dizem logo: "é a "5ª força", não pode protestar!" e, depois, ainda se intitulam arautos da democracia e da liberdade. Arre! São mesmo muitas as máscaras destes tratantes! Mas têm um grande defeito: não são eternas.

Anónimo disse...

Caro LGT, concordo consigo. mas ja sabe os nossos comentario têm sempre aquela resposta calorosa "Pois". de facto os comunistas nao sao capazes de compreender o que é integraçao europeia. é a cassete do costume: o grande capital, bla bla bla.
mas ja agora digo isto: eles falam mt do referendo na Irlanda, não é? mas a memoria é curta, porque cá ja houve referendo ao aborto que o povo disse nao, e depois a esquerda voltou à carga em 2007. e se calhar na regionalização voltarão à carga quando ja houve um Nao. enfim isto fala-se quando da jeito.
os politicos sao todos iguais seja qual for o partido sao farinha do mesmo saco.

J.Z.Mattos

pintassilgo disse...

os tratantes são capazes de tudo e não têm vergonha nenhuma. Os que por aqui passaram são a prova evidente.

Op! disse...

O art. 1.º da Constituição da República Portuguesa afirma Portugal um país soberano baseado na vontade popular.
Sócrates negou o referendo afirmando saber que o resultado seria a negação do tratado; tratado esse que submete o nosso país às leis emanadas por um grupo de "iluminados" mesmo contra a vontade da nossa população. Não precisa de ser juiz do Tribunal Constitucional para dizer que o processo de instauração do tratado em Portugal foi inconstitucional.

Maria disse...

Mas os grandes grupos económicos e financeiros e seus representantes/lacaios sempre se estiveram nas tintas para quem trabalha...

Um beijo grande