FESTA ALEGÓRICA
O bobo do imperador Maximiliano
organizou uma festa alegórica
que o povo e a corte de soberano à frente
saborearam em grandes gargalhadas:
juntou na praça todo o cego pobre,
prendeu a um poste um porco muito gordo,
e anunciou ganhar o dito porco aquele
que à paulada o matasse. Os cegos todos
a varapau se esmocaram uns aos outros,
sem acertar no porco por serem cegos,
mas uns nos outros por humanos serem.
A festa acabou numa sangueira total:
porém havia muito tempo que o imperador
e a corte e o povo não se riam tanto.
O bobo, esse tinha por dever bem pago
o fabricar as piadas para fazer rir.
Jorge de Sena
9 comentários:
Ah... afinal somos governados pelo Maximiliano?
Abraço.
Que forma mais concisa de plasmar a realidade!!
Pior que querer ganhar o porco é querer possuí-lo e revêr-se num Maximiliano. Sedentos de existência com sentido, carentes de coragem para compartir o caminho, almejando pesadelos de uma besta.
Um abraço
Terrível, esta festa.
Tão lúcido, o Jorge de Sena.
Um beijo grande
Este poema dói e tu sabes... caem duas lágrimas pelo Maximiliano que foi burro, pelo bobo que nasceu corcunda e de pernas tortas... As outras, ficam no nosso coração, com o sangue das gentes...
Um beijo e um abraço...
Valquiria d'Alameda
Por isso , e fundamental assumir o destino nas nossas mãos!
Abraço
samuel: e pelo bobo do Maximiliano...
Um abraço.
CRN: nesse caso resta-lhes o porco do bobo do Maximiliano...
Um abraço.
Maria: é a Festança!
Um beijo grande.
Valquíria d'Alameda: sei: guardadas no nosso coração...
Um beijo grande.
Ludo Rex: para acabar com os bobos, é esse o caminho, de facto...
Um abraço.
Sem dúvida, e o Maximiliano... Para aqueles que podem ver.
Um abraço
Fernando Samuel
Sempre adorei este Poema.
Sempre tive o desgosto de o ver sempre actual!
Até quando?
beijo
CRN: nem mais.
Um abraço.
Ana Camarra: coisas da vida...
Um beijo.
Enviar um comentário