POEMA

POSIÇÃO DE GUERRA


Crescem em mim milhões de punhos
cerrados,
bandeiras desfraldadas,
horizontes.
Soam em mim milhões de brados
resolutos,
protestos brutos,
queixumes.
Abrem-se em mim milhões de chagas,
como crateras de fogo.
Rompem em mim vendavais.
Sou eu que me interrogo,
a tudo atento,
sobranceiro ao gozo ou ao sofrimento,
com pensamentos verticais.


Armindo Rodrigues

6 comentários:

duarte disse...

pois cada vez mais os pensamentos ou se perdem na global estupidificação , ou se faz finca pé e num grito eterno o eco destroi a muralha da indiferença.
abraço do vale

samuel disse...

O que o Armindo Rodrigues havia de ter gostado de ver o que eu vi no Marquês de Pombal, de cima do palco, descendo a avenida como um rio... mas ele lá vinha, ao fundo, dando força a quem avançava, sem se importar por não ser visto.

Abraço

Maria disse...

Estes poemas do Armindo dão-nos ainda mais força para continuar a luta! Força a dobrar!

Um beijo grande

Ana Camarra disse...

Crescem em surdina mas crescem...


beijos

Antonio Lains Galamba disse...

«... sobranceiro ao gozo ou ao sofrimento, com pensamentos verticais.»

exacto!

abraço

Fernando Samuel disse...

duarte: são os tais pensamentos verticais...
Um abraço.

samuel: imagino-o exactamente como o descreves.
Um abraço.

Maria: ele era um lutador de todas as horas.
Um beijo grande.

Ana Camarra: crescem sempre - e ainda bem.
Um beijo.

Antonio Lains Galamba: exactíssimo!
Um abraço.